quinta-feira, junho 11, 2015

ESTE TEMPO EM QUE VIVEMOS


 
Estamos a viver tempos difíceis. E apesar de os nossos fazedores de milagres, que são os políticos, continuarem a prometer mundos e fundos e a fazer promessas em catadupa, a desconfiança - um dos sinais de alarme que podem contribuir para a decadência de um Povo - generalizou-se, nada pressagiando de bom.

As pessoas vivem umas com as outras, mas parecem esconder no seu interior uma profunda desilusão. Convivem, falam, brincam, mas sempre com um pé atrás, com disfarces invisíveis e com uma desconfiança mútua. Suportam-se e defendem-se umas das outras com diversificadas artimanhas – com deferências cínicas, com a exteriorização de riqueza que a maior parte das vezes não possuem, com licenciaturas duvidosas ou com a ostentação de uma sabedoria fictícia traduzida em chavões enferrujados adquiridos nesses alfobres de cola cartazes.

É um tempo do salve-se quem puder. Um tempo de indiferença e de inversão de valores com os ladrões a fingir de honestos, os oportunistas a ocupar o lugar dos competentes e os materialistas a escorraçarem os defensores do verdadeiro e puro idealismo.

O dinheiro corrompe as consciências, manipula a honestidade e faz com que se atraiçoem os amigos, construindo uma sociedade de traidores e de ladrões. O vale tudo adquiriu o estatuto de lei e funciona como tal. A roubalheira é uma espécie de pandemia, que se alastra a todos os sectores da vida nacional. A continuar assim, pouco faltará para que a honestidade seja considerada crime com todos os castigos inerentes à sua prática.

A sociedade está a abarrotar de doutores, de tecnocratas e de especialistas analfabetos. E toda esta plêiade de cérebros privilegiados não se cansa de apregoar a vinda de tempos e ideias novas, mas sem conseguir explicar os benefícios de toda essa mudança!

Estamos numa sociedade dominada pela falsidade e pelo egoísmo e em que as pessoas são cada vez mais atacadas por uma surdez propositada. Já ninguém acredita naquilo que ouve, pois são tantas as desilusões que o tempo de acreditar se esgotou. O que se vê com mais frequência é a dilatação do ventre e das contas bancárias desses fazedores de milagres, que referi no começo, e que quer chova quer faça sol, não deixam de se comportar como vedetas, como donos do Mundo!

Entretanto, a hipocrisia vai-se instalando paulatinamente neste lodaçal de cinismo, de bajulação e de desprezo pelos mais elementares princípios da moral e da ética.

A luta pelo mando, pela ambição e pela influência são as cores dominantes no cenário cinzento dos dias que passam. Entretanto e em nome dos “brandos costumes” cresce assustadoramente a procissão de vigaristas, que o Poder vai transformando em heróis…

 

 

 

 

 

 

 

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