sábado, março 07, 2015

LEITURA E INTERPRETAÇÃO

 
 Como muitas vezes tenho dito, não é fácil escrever para o jornal ou melhor dizendo, não é fácil encontrar assunto que cative a atenção ou o interesse do leitor.
As novas tecnologias, ainda que sinal de progresso, diminuíram o número daqueles que liam para reflectir e dos que procuravam na leitura a sua fonte de ensinamentos.
Hoje o cidadão moderno vê as «gordas» e passa os olhos sobre os títulos sem se interessar pelo seu conteúdo.
Há, no entanto, excepções, mas grande parte dos leitores prefere o sensacionalismo bacoco a leituras que o obriguem a “mastigar” para compreender o que lêem. A leitura da palavra escrita impõe um modo de construir pensamento que é um pouco diferente das demais fontes de informação.
Além disso, a leitura é também uma evasão. Num bom livro podemos substituir o herói, viajar, conhecer outros países, vestir trajes doutras gentes e recuar a outras épocas e ver as coisas de forma diferente.
Podemos também, através de diversos autores, fazer comparações entre épocas, culturas e outras maneiras de viver.
Enfim, a leitura é uma espécie de conversação, um diálogo com um interlocutor desconhecido com o qual podemos partilhar segredos e adquirir conhecimentos que não conseguiríamos de outra maneira.
Infelizmente, nesta época que estamos a viver, o tipo de comunicação predominante é a televisiva que conduz, muitas vezes, à desfragmentação entre a realidade e a ilusão, entre o imediatismo e o mediatismo. Num mundo de gente a correr e em que se pretende fazer crer que os ponteiros dos relógios rodam cada vez mais depressa, não há tempo para ler um livro optando-se por essa via de conhecimento (por vezes duvidoso) pois não requere nem aprendizagem nem qualquer espécie de esforço.
Daí resulta que, tecnologicamente falando, não há dúvida que vivemos num mundo privilegiado, mas também é verdade que bombardeados de informações tão variadas quão duvidosas, não conseguimos assimilá-las e muito menos interpretá-las correctamente. Daí a minha convicção de que dessa falta de as poder assimilar e da incapacidade de as saber interpretar surja uma espécie de empobrecimento cultural que afecta não só a leitura da vida como a do Mundo.
O mundo moderno exige-nos inúmeras competências, uma delas é o conhecimento perfeito da nossa língua, e isso não se refere apenas a uma boa comunicação verbal, mas também à capacidade de entender aquilo que lemos. Ler e saber interpretar aquilo que lemos é essencial para compreendermos a realidade em que vivemos.
 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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