As novas tecnologias, ainda que
sinal de progresso, diminuíram o número daqueles que liam para reflectir e dos
que procuravam na leitura a sua fonte de ensinamentos.
Hoje o cidadão moderno vê as
«gordas» e passa os olhos sobre os títulos sem se interessar pelo seu conteúdo.
Há, no entanto, excepções, mas
grande parte dos leitores prefere o sensacionalismo bacoco a leituras que o
obriguem a “mastigar” para compreender o que lêem. A leitura da palavra escrita
impõe um modo de construir pensamento que é um pouco diferente das demais fontes
de informação.
Além disso, a leitura é também
uma evasão. Num bom livro podemos substituir o herói, viajar, conhecer outros
países, vestir trajes doutras gentes e recuar a outras épocas e ver as coisas
de forma diferente.
Podemos também, através de diversos
autores, fazer comparações entre épocas, culturas e outras maneiras de viver.
Enfim, a leitura é uma espécie de
conversação, um diálogo com um interlocutor desconhecido com o qual podemos
partilhar segredos e adquirir conhecimentos que não conseguiríamos de outra
maneira.
Infelizmente, nesta época que
estamos a viver, o tipo de comunicação predominante é a televisiva que conduz,
muitas vezes, à desfragmentação entre a realidade e a ilusão, entre o
imediatismo e o mediatismo. Num mundo de gente a correr e em que se pretende
fazer crer que os ponteiros dos relógios rodam cada vez mais depressa, não há
tempo para ler um livro optando-se por essa via de conhecimento (por vezes
duvidoso) pois não requere nem aprendizagem nem qualquer espécie de esforço.
Daí resulta que, tecnologicamente
falando, não há dúvida que vivemos num mundo privilegiado, mas também é verdade
que bombardeados de informações tão variadas quão duvidosas, não conseguimos
assimilá-las e muito menos interpretá-las correctamente. Daí a minha convicção
de que dessa falta de as poder assimilar e da incapacidade de as saber
interpretar surja uma espécie de empobrecimento cultural que afecta não só a
leitura da vida como a do Mundo.
O mundo moderno exige-nos inúmeras
competências, uma delas é o conhecimento perfeito da nossa língua, e isso não
se refere apenas a uma boa comunicação verbal, mas também à capacidade de
entender aquilo que lemos. Ler e saber interpretar aquilo que lemos é essencial
para compreendermos a realidade em que vivemos.
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