segunda-feira, fevereiro 25, 2013

DE VOLTA




Une vie ! Quelques jours, et puis plus rien !
Guy de Maupassant
O punhado de leitores que ao longo destes últimos vinte e quatro anos se habituou, semanalmente, a passar os olhos por estes meus rabiscos, deve já ter perguntado o que me aconteceu para os ter interrompido durante todo este tempo…
Nada de grave. Apenas a substituição de uma espécie de rolamento num dos membros de locomoção me obrigou a esta paragem e me impediu de preencher este meu espaço. Como já uma vez o disse, “máquinas” são “máquinas”, e o desgaste causado pelo passar dos Invernos não perdoa, e prega-nos partidas. E, desta vez, “obrigou-me” a uma espécie de “férias grandes”, mas sem mar nem Sol!...
Mas foram muitos os ensinamentos que colhi durante esse descanso forçado. A começar pelos amigos. Nunca pensei que tinha tantos! E daqueles de que fala o provérbio, que “se conhecem no hospital ou na cadeia”. Dos verdadeiros!... E também dos outros, dos hipócritas e dos fingidos, daqueles que o são apenas por interesses momentâneos e egoístas.
Aprendi também a dar mais valor à vida, já que, num revés de saúde, o sofrimento físico aliado ao do espírito, fazem com que descubramos horizontes e sentimentos até aí ignorados. E esses momentos em que estamos mais sós, em que verificamos a fragilidade do nosso ser, permitem-nos também uma maior aproximação de Deus. E é nesses momentos mágicos, quando o silêncio impera e a imaginação, rédea solta, viaja no tempo, que a vontade de viver se agiganta e o desejo utópico de voltar a ser menino nos dá ânimo para prosseguir a caminhada.
Aproveitei também esse período de imobilidade para pôr a leitura em dia, evitando esse fluxo palavroso de notícias de telejornais, debates políticos e quejandos, que apenas nos embrutecem e revoltam.  
A saúde é a maior bênção que nos foi concedida, mas, distraídos que andamos, só quando um problema – por mais pequeno que seja – nos bate à porta, é que pomos os pés na Terra e, olhando para trás damos conta dos momentos desperdiçados que não aproveitámos por questões mesquinhas e fúteis!
A vida de cada um de nós encerra aspectos favoráveis, mas também acontecimentos desfavoráveis. A nossa existência está sujeita a leis inexplicáveis que, apesar de certas aparências contrárias, tem efeitos úteis e preciosos, que na maior parte das vezes não sabemos interpretar.No meu caso pessoal, a arma para ultrapassar esses momentos desfavoráveis consiste numa mistura de fé e de bom humor. Não só essa combinação me ajuda, me dá ânimo, como também contagia os que me rodeiam – o que é uma outra espécie de felicidade.
Termino, e embora tardiamente, aqui ficam os meus sinceros votos de um novo ano com muita saúde para todos.










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