Une vie ! Quelques jours, et puis plus rien !
Guy
de Maupassant
O punhado de leitores que ao longo
destes últimos vinte e quatro anos se habituou, semanalmente, a passar os olhos
por estes meus rabiscos, deve já ter perguntado o que me aconteceu para os ter
interrompido durante todo este tempo…
Nada de grave. Apenas a substituição de
uma espécie de rolamento num dos membros de locomoção me obrigou a esta paragem
e me impediu de preencher este meu espaço. Como já uma vez o disse, “máquinas”
são “máquinas”, e o desgaste causado pelo passar dos Invernos não perdoa, e
prega-nos partidas. E, desta vez, “obrigou-me” a uma espécie de “férias
grandes”, mas sem mar nem Sol!...
Mas foram muitos os ensinamentos que
colhi durante esse descanso forçado. A começar pelos amigos. Nunca pensei que
tinha tantos! E daqueles de que fala o provérbio, que “se conhecem no hospital
ou na cadeia”. Dos verdadeiros!... E também dos outros, dos hipócritas e dos fingidos,
daqueles que o são apenas por interesses momentâneos e egoístas.
Aprendi também a dar mais valor à vida,
já que, num revés de saúde, o sofrimento físico aliado ao do espírito, fazem
com que descubramos horizontes e sentimentos até aí ignorados. E esses momentos
em que estamos mais sós, em que verificamos a fragilidade do nosso ser,
permitem-nos também uma maior aproximação de Deus. E é nesses momentos mágicos,
quando o silêncio impera e a imaginação, rédea solta, viaja no tempo, que a
vontade de viver se agiganta e o desejo utópico de voltar a ser menino nos dá
ânimo para prosseguir a caminhada.
Aproveitei também esse período de
imobilidade para pôr a leitura em dia, evitando esse fluxo palavroso de
notícias de telejornais, debates políticos e quejandos, que apenas nos
embrutecem e revoltam.
A saúde é a maior bênção que nos foi
concedida, mas, distraídos que andamos, só quando um problema – por mais
pequeno que seja – nos bate à porta, é que pomos os pés na Terra e, olhando
para trás damos conta dos momentos desperdiçados que não aproveitámos por
questões mesquinhas e fúteis!
A vida de cada um de nós encerra
aspectos favoráveis, mas também acontecimentos desfavoráveis. A nossa
existência está sujeita a leis inexplicáveis que, apesar de certas aparências
contrárias, tem efeitos úteis e preciosos, que na maior parte das vezes não
sabemos interpretar.No meu caso pessoal, a arma para ultrapassar esses momentos
desfavoráveis consiste numa mistura de fé e de bom humor. Não só essa
combinação me ajuda, me dá ânimo, como também contagia os que me rodeiam – o
que é uma outra espécie de felicidade.
Termino, e embora tardiamente, aqui
ficam os meus sinceros votos de um novo ano com muita saúde para todos.
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