Atravessamos um momento tão difícil,
tão conturbado e enigmático que é impossível o que nos reserva o futuro.
Perante esta complexidade de
problemas seria necessário que aqueles que detêm cargos de chefia, possuíssem
sabedoria e experiência para desempenharem cabalmente a missão que lhes foi
incumbida.
Mas não, isso não
acontece!...
Não menosprezando o papel
preponderante dos “canudos” é inegável que sem uma passagem pela Universidade
da Vida, – onde se aprende, praticando – qualquer cidadão, por mais dotado que
seja, não consegue adquirir uma preparação adequada que lhe permita enfrentar e
resolver os problemas do dia-a-dia cujas soluções são cada vez mais difíceis de
encontrar. Para complementar o que teoricamente se aprendeu, é necessária
prática e sobretudo muita experiência.
Quem nunca teve dificuldades financeiras na vida, não sabe avaliar
as necessidades dos que são obrigados a contar diariamente os tostões. Quem
sempre geriu o dinheiro dos outros não sabe avaliar o que ele custa a ganhar, e
quem nunca teve necessidade de trabalhar para comer, pode, à vontade, dar-se ao
luxo de nada fazer!...
Isto para dizer que grande parte dos nossos governantes não tem a
experiência necessária para desempenhar o lugar que ocupa.
A maioria dos responsáveis desconhece a verdadeira realidade do
País no seu todo. A sua visão queda-se, muitas vezes, pelo que vêem da janela
do seu confortável gabinete ou pelo que lhes relatam os seus assessores, eles
também desconhecedores das mais aflitivas e imediatas dificuldades com que se
debatem os cidadãos mais carenciados.
Uma das maiores exigências do tempo que atravessamos é responder à
questão social. Para que a sociedade seja harmoniosa e justa é necessário que
ela esteja motivada para o trabalho, para a criatividade, para a correcta
distribuição da riqueza, para a igualdade de oportunidades entre os cidadãos.
Em vez de uma sociedade materialista e desumanizada dominada pela
política, pelo futebol e pela ganância de enriquecer sem escrúpulos, é urgente
construir uma sociedade orientada por valores e princípios morais que se
oponham a exageros mediáticos e tecnocráticos do nosso tempo. É claro que estou
a transcrever para o papel aquilo que realmente penso e que me é ditado pela
minha experiência da vida. Nada mais!
Aliás, numa sociedade dominada pelo lucro e pelo egoísmo, haverá
“herói” que consiga fazer-se ouvir por essa gente bem instalada na vida, prepotente,
cega pelo dinheiro que lhe fez trocar os ditames de consciência por uma
avultada e redonda conta bancária?
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