sexta-feira, julho 20, 2012

EM DIA DE ANIVERSÁRIO

 


Lá vão oitenta e seis anos –
Um longo caminho andado,
Com alegrias e desenganos,
Caminhando de braço dado.
Oitenta e seis anos, tanto tempo!...
Tanta alegria e lamento,
No meu peito!
Tanta chama que se apagou,
Tanto desejo que ficou,
Insatisfeito!

Até as lágrimas de outrora,
Gotas de água tão sorridentes…
Porquê, meu Deus, as lágrimas d’ agora,
São tão tristes e são tão dif’rentes?
Ah! Meus sonhos de menino,
Que a esperança embalava
E aquele mundo pequenino
Que o meu coração albergava!...

Não havia noite,
Era sempre dia,
Era tudo esp’rança,
Era tudo alegria.
Era a Primavera em flor,
Era sempre sol nascente
E no coração da gente
Havia sempre calor!

Mas o tempo,
Como o vento,
Soprando,
Foi meus anos levando!...
Daquele bebé rosado
Que há oitenta e seis anos nascia
É um senhor já muito usado
Que se festeja neste dia.

Perdeu a pena o perdigão
E tudo já o tempo levou…
E de um jovem rapagão
Vejam lá o que ele deixou:
Uma carcaça enferrujada
Donde o caruncho esguicha
Uma coisa velha, enrugada…
Tudo encolhe, nada espicha!...

Eu venho de longe e estou cansado
De tanta luta, tanto desengano…
Mas sempre optimista e esperançado,
Espero voltar a ver-vos pró ano!... 

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