domingo, julho 29, 2012

O SENHOR DOUTOR SABE ASSINAR?



O senhor doutor sabe assinar?...
Hoje, aliás como todos sabem, ideologicamente falando, as palavras esquerda, direita e centro já não existem. E se ainda constam dos dicionários, na política, esses vocábulos perderam completamente o seu verdadeiro significado.
Não há diferenças entre eles. Os três passaram de antónimos a sinónimos, e juntos, representam um conjunto de interesses, divergindo apenas nas respectivas siglas.
O objectivo comum dos seus usuários é o estatuto pessoal. Cada qual tenta à sua maneira tratar da sua vidinha e a dos outros, a do povo que ainda trabalha, que se lixe.
Infelizmente chegámos a um ponto em que não podemos confiar em nenhum dos representantes partidários que tomam assento nas fofas cadeiras da Assembleia da República.
Aqui há tempos ainda podíamos apresentar excepções ou tomar fulano ou sicrano como exemplos a seguir para conseguirmos sair deste lodaçal para onde nos empurraram. Agora acabaram-se as excepções e os exemplos. Parece haver uma espécie de combinação entre todos – governo e oposição – e os ataques e insultos que vemos ou ouvimos entre eles são apenas uma espécie de fogo de artifício para pôr a malta a olhar para o ar e esquecer o que se passa a seus pés.
Estamos numa época em que vale tudo, Tudo é permitido, tudo é perdoado. Mas só aos graúdos, que o pequenito paga tudo com língua de palmo. E que bem falam, que carinhosos são os nossos políticos quando querem adormecer o Zé!...
É vê-los arengando a arraia miúda, arvorados em defensores dos desempregados, dos pobres, dos velhos, dos desprotegidos da sorte, dos sem abrigo, prometendo mundos e fundos, mas sem repartir com eles quaisquer sobras dos seus lautos banquetes!
Fala-se muito em moralizar o Estado. Fala-se… São palavras ditas, mas sem vontade de concretização, porque isso não interessa a nenhum dos partidos. Há que dizê-lo sem medo, porque é a verdade.
Quando os políticos confundem o seu papel com o dos grupos económicos e querem fazer dos partidos empresas privadas onde podem colocar quem bem lhes apetece e talhar os seus ordenados e fazer leis à medida da sua ganância, está visto que não podemos esperar melhores dias.
O recente caso da “licenciatura relâmpago” de um dos nossos ministros é um exemplo flagrante deste folclore político e da degradação que se instalou cá no rectângulo. Se este facilitismo continua, não é de excluir que dentro de uma década, na tomada de posse de qualquer “filho da nação”, o senhor do protocolo, de caneta em riste, não tenha de lhe perguntar: “O senhor doutor sabe assinar?...


















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