Sete vezes doze… mais um!
O título desta minha crónica de hoje pode, numa primeira interpretação, levar o leitor a pensar que vou falar de aritmética – essa ciência dos números de que tantos têm medo. Nada disso. Aliás o texto de hoje já aqui foi publicado mas com outra combinação de algarismos.
Mais uma vez aquele que costuma ditar-me o que aqui escrevo todas as semanas, transpôs outro degrau da escada da vida. E logo de manhã, no nosso primeiro encontro, quando nos olhámos no espelho, piscou o olho e balbuciou irónico e bem-humorado: «com que então sete dúzias mais um?!...»
Sorri e sem surpresa vi que “ele” também sorriu. É sempre assim. Há entre nós uma cumplicidade tão grande que, por vezes, até parece que somos um só!...
Já nos conhecemos desde os primeiros vagidos de criança. Temos percorrido os trilhos da vida de mão dada, temos partilhado alegrias, tristezas, ilusões, desilusões, enfim, temos sido “dois em um”, como agora costuma dizer-se.
É certo que também temos tido as nossas desavenças, as nossas discussões, sobretudo no que toca à idade, quando nos olhamos através do espelho. Às vezes a guerra inicia-se logo no começo do dia quando cortamos a barba. E que guerra!...
Enquanto um resmunga contra os papos nos olhos, a falta de cabelo e os vincos na cara enrugada, o “outro” acusa-o de exagerado e mal agradecido, porque muito pior está ele que lhe custa a arrastar as pernas e tem dores que nunca param, e viajam por todo o corpo… Mas são discussões de idosos, que acabam sempre com um sorriso maroto e cúmplice, pois lá bem no fundo, somos obrigados a concluir que quem andou…
Mas o que mais ainda nos une é aquele prazer de dialogar um com outro, de confessar os nossos pecados, de recordarmos, de nos rirmos das nossas fraquezas e, por via de isso, ambos nos considerarmos imensamente felizes. Temos bons amigos e uma família maravilhosa! Nos momentos mais difíceis, – e sempre com a presença invisível daqueles que já partiram – a Mãe que nos acompanha há já seis décadas, os filhos, as filhas, as netas, os netos e os irmãos, transmitem-nos a força e a coragem para continuar a caminhada. Nem sempre é fácil, mas Deus também tem dado uma grande ajuda. Diz o Livro da Sabedoria que a importância da vida não reside na sua duração, mas no vivido durante ela. Também com isso fomos duplamente contemplados.
- Que mais desejas?!... – Perguntei eu, no fim do dia, em frente ao espelho, ao “outro” – àquele que me dita o que escrevo. A gargalhada que ecoou foi tão estridente que até a Mãe perguntou o que se passava.
- Nada de especial – respondi – é aqui o homem do espelho que diz que não quer nada com a aritmética... Que pede apenas mais um!
O título desta minha crónica de hoje pode, numa primeira interpretação, levar o leitor a pensar que vou falar de aritmética – essa ciência dos números de que tantos têm medo. Nada disso. Aliás o texto de hoje já aqui foi publicado mas com outra combinação de algarismos.
Mais uma vez aquele que costuma ditar-me o que aqui escrevo todas as semanas, transpôs outro degrau da escada da vida. E logo de manhã, no nosso primeiro encontro, quando nos olhámos no espelho, piscou o olho e balbuciou irónico e bem-humorado: «com que então sete dúzias mais um?!...»
Sorri e sem surpresa vi que “ele” também sorriu. É sempre assim. Há entre nós uma cumplicidade tão grande que, por vezes, até parece que somos um só!...
Já nos conhecemos desde os primeiros vagidos de criança. Temos percorrido os trilhos da vida de mão dada, temos partilhado alegrias, tristezas, ilusões, desilusões, enfim, temos sido “dois em um”, como agora costuma dizer-se.
É certo que também temos tido as nossas desavenças, as nossas discussões, sobretudo no que toca à idade, quando nos olhamos através do espelho. Às vezes a guerra inicia-se logo no começo do dia quando cortamos a barba. E que guerra!...
Enquanto um resmunga contra os papos nos olhos, a falta de cabelo e os vincos na cara enrugada, o “outro” acusa-o de exagerado e mal agradecido, porque muito pior está ele que lhe custa a arrastar as pernas e tem dores que nunca param, e viajam por todo o corpo… Mas são discussões de idosos, que acabam sempre com um sorriso maroto e cúmplice, pois lá bem no fundo, somos obrigados a concluir que quem andou…
Mas o que mais ainda nos une é aquele prazer de dialogar um com outro, de confessar os nossos pecados, de recordarmos, de nos rirmos das nossas fraquezas e, por via de isso, ambos nos considerarmos imensamente felizes. Temos bons amigos e uma família maravilhosa! Nos momentos mais difíceis, – e sempre com a presença invisível daqueles que já partiram – a Mãe que nos acompanha há já seis décadas, os filhos, as filhas, as netas, os netos e os irmãos, transmitem-nos a força e a coragem para continuar a caminhada. Nem sempre é fácil, mas Deus também tem dado uma grande ajuda. Diz o Livro da Sabedoria que a importância da vida não reside na sua duração, mas no vivido durante ela. Também com isso fomos duplamente contemplados.
- Que mais desejas?!... – Perguntei eu, no fim do dia, em frente ao espelho, ao “outro” – àquele que me dita o que escrevo. A gargalhada que ecoou foi tão estridente que até a Mãe perguntou o que se passava.
- Nada de especial – respondi – é aqui o homem do espelho que diz que não quer nada com a aritmética... Que pede apenas mais um!
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