domingo, julho 17, 2011

GRAVATAS

Somos assim e pronto. Somos um conjunto de seres humanos, que embora diferentes em muitas coisas, temos, no entanto, em comum a mania da originalidade. O portuguesinho valente, quer seja um doutorado ou um simples borra-botas iletrado, o que quer é dar nas vistas, ser diferente do vizinho, ser original!
E a propósito de originalidade, vejam só do que a D. Assunção Cristas se havia de lembrar para que o seu nome andasse por aí em letras garrafais em toda a imprensa: - «Fora com a gravada – disse ela lá para o pessoal das suas quintas – há que poupar para reduzir a utilização do ar condicionado e poupar na despesa da electricidade e na pegada ecológica!»
E como somos todos poliglotas vá de dar um nome estrangeiro à iniciativa, “AirCool”! Depois admiram-se que 55% dos alunos do 12.º ano tenham chumbado no exame de Português!...
Mas voltando à abolição do uso da gravata, eu sou contra. E sou contra, porque ela faz parte do património nacional, pois contrariamente ao que muitos historiadores afirmam quanto à sua origem, foi um Português que a inventou.
Foi Egas Moniz o aio de D. Afonso Henrique, que a usou pela primeira vez quando em 1137, logo após a batalha de Cerneja, se deslocou a Toledo para levar ao Imperado a chave do cofre que tinha sido encontrada no terreno da luta.
Na altura a oposição fez correr o boato de que ele tinha ido pedir perdão ao Imperador de corda ao pescoço, mas o certo é que o aio do nosso primeiro rei ia vestido a rigor e, pela primeira vez, com a respectiva gravata!
Parece que tal ornamento deu brado o que teria levado Camões a referir-se a Egas Moniz no Canto III dos Lusíadas.
Mas voltando agora à realidade e analisando a iniciativa à luz da verdade e do bom senso, não é por aí que o gato vai às filhós. Não é com medidas dessas que a cultura da batata vai aumentar, que deixaremos de comer peixe estrangeiro e que a ecologia tenha melhoras significativas.
A Senhora Ministra devia, isso sim, mandar os seus homens para o terreno com ou sem gravata. E já que quer poupar no ar condicionado que saiam dos gabinetes e venham conhecer o País real que a maior parte desconhece. Mais do que dispensar o uso da gravata há outras medidas que urge tomar. Mas que doem…ao contrário da supressão das ditas.









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