sábado, maio 14, 2011

PASSEIO MATINAL

Hoje, logo pela manhã, céu azul e temperatura amena, dei um passeio pelo meu quintal. É uma espécie de terapia matinal, este contacto com a Natureza!
A orvalhada cobria a relva e o reflexo do sol nas gotículas das flores, era como que uma sementeira de pedrinhas reluzentes.
O sol nascente, como que ainda mal acordado, tentava afastar os farrapos brancos de uma nuvem que lhe toldava a luminosidade.
No velho tanque, que no Verão serve de piscina, as andorinhas, em voos rasantes, tocam na água com o bico, e levam nele algumas gotas que vão servir para fazer aquela espécie de argamassa que vai servir para a construção dos seus ninhos.
Da buganvília, ainda sem flores, desprendem-se gotas de água que salpicam os mosaicos castanhos do passeio, imitando os pingos grossos de chuva de trovoada.
A copa da árvore da tília tomou já o formato habitual e há já raminhos de flores a espreitar entre o verde das folhas. A vestimenta do castanheiro está mais atrasada, mas os rebentos já se vêem de longe.
De todo este conjunto de cores, em que as rosas e as azáleas se fazem mais notadas, é, no entanto o verde que domina. É a cor da esperança, a cor da Primavera, que reina em todo este pedaço de terra, este meu cantinho, meu confidente e meu refúgio.
Na aldeia, acordada há muito, ouve-se nos quatro cantos o roncar dos tractores, quer lavrando, quer transportado as ervas secas, que serão guardadas para alimentar os animais no Inverno.
À mistura com o chilrear da passarada, há zumbidos no ar e o ronronar dos atomizadores que combatem as pragas dos batatais e outras culturas, acaba por ser uma espécie de cantilena familiar.
Às vezes converso com quem passa, com essa gente que ainda conserva bem vivas as tradições e a identidade cultural da ruralidade do País, um povo que continua unido ao destino que Deus lhe deu – gente que ainda partilha entre si uma cabeça de alho ou um raminho de salsa, gente que ainda cultiva no seu quotidiano gestos de harmonia e de solidariedade.
As árvores, os pássaros e as rosas do meu quintal são os confidentes dos meus pensamentos, dos meus sonhos e, por isso, o repositório dos meus segredos.
Como disse no começo, uma visita matinal a tudo isto que me rodeia, às árvores e plantas que coloquei na terra, que reguei, que vi crescer e que agora dão frutos, é como que um bálsamo para a alma, uma vitória da perseverança e uma afirmação e reforço da Fé que sempre me acompanhou!
E é aqui, neste meu mundo, que esqueço os encontrões de todos os dias e ultrapasso as tristezas com aquele leveza de alma de quem ainda espera um nada de vida e uma réstia de sonho…











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