terça-feira, julho 22, 2008

Obrigado

Permite, Senhor, que te dirija no dia em que completo mais um aniversário natalício este humilde, mas sentido agradecimento:
«Há mais de oito décadas que me concedeste o dom inestimável da vida. Desde que nasci nunca deixaste de me encher de graças e de me dar provas de amor infinito. Como acontece com toda a gente, estes anos foram anos em que muitas coisas se misturaram: alegrias, tristezas, sucessos, derrotas, pequenas faltas de saúde, desaparecimento de familiares…
Mas com a ajuda e o auxílio que me deste eu consegui transpor esses obstáculos e caminhar sempre em frente contigo ao lado.
Hoje sinto-me rico com a família que me deste e com a experiência que adquiri por sempre me teres protegido. Por isso e dentro de mim, numa religiosidade silenciosa, a minha alma canta o meu reconhecimento.
Todos os dias na minha roda de amigos encontro pessoas idosas que têm passado dolorosos momentos – homens que não podem andar, cegos, alguns estropiados que já não conseguem pedir-te qualquer coisa e outros que perderam as suas faculdades mentais. E eu olho essas gentes e pergunto-me: E se acontecesse comigo?!...
Perante isso, hoje mesmo, enquanto gozo de boa saúde e conservo todas as minhas faculdades mentais e motoras eu agradeço e ofereço-te antecipadamente toda a minha aceitação aos teus princípios e desde agora peço que se uma ou outra dessa situação me acontecer, eu a aceite resignadamente e ela possa servir e contribuir para a salvação de algumas almas.
Se um dia a doença invadir o meu cérebro e roubar a minha lucidez, desde já, Senhor, eu me ajoelho perante Vós e prometo uma humilde e silenciosa aceitação do que me reservares.
A partir de hoje peço também para protegeres todas as pessoas que, eventualmente, irão ter a ingrata missão de tratar de mim e de me ajudar em qualquer dessas enfermidades.
Perdoa-me e esquece os momentos em que blasfemei ou que não soube aceitar as provações por que me fizeste passar por não compreender os teus desígnios.
Se um estado de inconsciência prolongada tiver de me acontecer, eu quero que cada uma dessas horas que eu viver seja um seguimento ininterrupto de acção de graça, e que o meu último suspiro seja um suspiro de amor.
Faz então com que a minha alma guiada nesse momento pela mão de Maria, se apresente perante Vós para cantar e gozar das eternas graças.
Aos que ficarem dai-lhes coragem para suportar a minha ausência, pois um dia todos nos encontraremos de novo reunidos no milagre da ressurreição.
Obrigado, Senhor.»

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