domingo, julho 06, 2008

Metáfora




Quando sou confrontado com um problema numa das minhas máquinas e não sei resolvê-lo, para disfarçar a minha ignorância, coço a careca e com um franzir de sobrancelhas, solto a frase do costume: máquinas são máquinas!
E é justamente a propósito das ditas que hoje vou falar da minha. Da minha máquina. Da ambulante. É uma máquina antiga, não fora de moda, mas a pedir reciclagem... No tablier apenas o rádio lhe dá um tom de modernidade. Na capota são bem visíveis as falhas na pintura, embora a chapa seja resistente. No capítulo da condução o volante tem folgas, a alavanca das mudanças já não tem maçaneta, a tracção, às vezes, emperra; as ópticas são duplas e no capítulo das mudanças, a marcha-atrás não funciona. Como já tem muito uso os problemas aparecem com mais frequência. Sem anúncio. Foi o que aconteceu há dias. Devido a uma avaria no tubo de escape fiquei sem meio de locomoção e durante uma semana não pude sair dos meus domínios.
Máquinas são máquinas… Com o desgaste dos anos, de vez em quando lá me prega uma partida e obriga-me a fazer uma pausa. Pudesse eu comprar uma nova e outro galo cantaria!...
Mas, pensando melhor, talvez até nem comprasse. É que, mesmo assim, não tenho muitas queixas a fazer. Velhinha, velhinha, mas lá vai andando. Já não dá para fazer longos trajectos nem para entrar em competições, mas o que é certo é que até agora me tem levado sempre aonde quero.
Na garagem onde faço, por norma, a manutenção, o mecânico costuma dizer que máquinas destas, já não se fabricam. E ele sabe o que diz, pois tem uma registada dois anos antes da minha e apesar de alguns problemas que teve, está também bem contente com ela. E também não quer outra…
Cá p’ra mim e ao contrário do que muitos querem fazer crer não é uma questão de marca. É sorte… Há, é verdade, alguns cuidados a ter, mas nada de exagerar. No que diz respeito a velocidades e para evitar travagens bruscas ou derrapagens, é aconselhável respeitar distâncias e nada de prego a fundo. Condução regular, sem altos nem baixos. Isto é, e como dizia o outro, nem muito vinho, nem água de mais. E a propósito de líquidos é aconselhável ter cuidado com o combustível. Nada de mixórdias. Variar sim, mas evitar misturas que possam aumentar as octanas. Cuidado com os modernos aditivos que se vendem para aumentar a potência. Em máquinas muito usadas há depósitos que já não aguentam grande pressão e o aumento de volume pode provocar danos irreversíveis em todo o sistema electrónico…
Não sou mecânico. Os conselhos que acima deixo são fruto da experiência vivida durante os dias em que tive a máquina na garagem para reparação do tubo de escape…

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