sábado, dezembro 29, 2007

Vaticínios




No fim de mais um ano que não nos deixa boas recordações, e no começo de outro que segundo já predizem os oráculos não vai ser nada melhor, não sei, francamente, o que hoje vos hei-de dizer quanto à maneira como se irá comportar o figurão que aí vem – o 2008…
Para já, e sem que isso constitua desrespeito ou concorrência desleal para com os nossos astrólogos oficiais, eu aventurar-me-ia a prever para 2008 um ano decisivo, isto é, um ano do “ vai ou racha”.
Dito por outras palavras: ou os nossos políticos começam a fazer uma espécie de recruta no país profundo para conhecer as suas verdadeiras necessidades dando, ao mesmo tempo, exemplos de trabalho aos indígenas ou então continuaremos na mesma cegarrega e arriscamo-nos a ser incorporados no país vizinho, como aliás, já o vaticinou o nosso Nobel.
Em qualquer dos casos, quer chova quer faça sol, os mandantes, esses, estão-se nas tintas. Quer a coisa vá bem quer não, nada perdem, porque há sempre dinheiro para eles. E por mais perigosas que sejam as suas piruetas no trapézio da governação, há sempre por baixo a rede do Zé que em caso de queda os catapulta para outros trampolins.
«É a vida! …» Como costumava dizer um dos nossos ex-mandantes, o tal das “paixões” que se escapuliu e se despediu à la française, mas que hoje está bem na dita cuja!
Mas foi sempre assim. Não julguem que por agora termos auto-estradas com portagens, “metro”, TV por cabo, telemóveis da 4.ª geração, Internet, brevemente TGV, um aeroporto ainda sem lugar certo, que as coisas mudaram!... Ora leiam, (mudem apenas as datas) o que escreveu em finais do século dezoito o nosso Fialho de Almeida:
«Na ratoeira do tempo ainda ignobilmente está a agonizar 1889, e já ao faro do queijo, o ratinho de 90 se prepara a esfuziar pela portinhola do cárcere, a sua cabeça aguda e chata de roedor. (…) - «Ele aí vem 1890!... Com o mesmo parlamento a esbarrondar de intrigas e ambiciúnculas corriqueiras, a mesma bobagem turva nas cumeeiras do Estado; a mesma inanidade nos tipos, a mesma falta da iniciativa nos caracteres, e esterilidade idêntica nos ventres das mulheres, nos cérebros dos homens, e na cornucópia sôfrega dos argentários. 1890, é mais um acto desta farsada da vida em que os homens se entrechocam como Polichinelos, sem o respeito que salvou a geração dos nossos Avós, e sem o desprezo que foi longos anos a grande força cívica dos nossos Pais. – Rato de esgoto passa depressa, e livra-nos de ti…»
Por isso, percam as esperanças os ingénuos, os que ainda acreditam nas palavras de políticos. De nada vale escrever, falar, barafustar, praguejar ou reivindicar. Eles não nos ouvem. Ergam as mãos ao Céu – aqueles que, como eu, acreditam – e peçam a Deus muita saúde, paz e alegria, porque cá em baixo ninguém nos ouve.

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