sábado, dezembro 01, 2012

SERMÕES


Sermões
Aí por volta do ano de 1654, também em tempos azarados, dizia o Padre António Vieira, em S. Luíz do Maranhão no célebre sermão de Santo António aos Peixes:
“Vós, diz Cristo Senhor Nosso, falando com os pregadores: sois o Sal da Terra: e chama-lhes o sal da terra porque quer que façam na terra o que faz o sal. O efeito do sal é impedir a corrupção; mas, quando a terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo nela tantos que têm o ofício de sal, qual será ou qual pode ser a causa de tanta corrupção?
Ou é porque o sal não salga ou porque a terra não se deixa salgar. Ou porque o sal não salga e os pregadores não pregam a verdadeira doutrina, ou porque a terra não se deixa salgar e os ouvintes querem antes imitar o que eles fazem, que fazer o que eles dizem. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores se preparam a si e não a Cristo; ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes, em vez de servir a Cristo servem a seus apetites. Não é tudo isto verdade?...”
Embora tenham passado séculos, se meditarmos atentamente nas palavras de Vieira não poderíamos nós aplicá-las a estes tempos que estamos a viver e em que os mesmos males estão a corroer a nossa sociedade?
Quando ouvimos os nossos pregadores actuais fazer o contrário daquilo que apregoam, não estarão eles em vez de servirem o Povo, a servirem-se a eles próprios, como diz o sermão de Vieira?
E será o sal que não salga ou a terra que não se deixa salgar? Serão os pregadores que não cumprem o que dizem, satisfazendo apenas os seus apetites ou o próprio Povo que não reage, porque impotente e conformado?!
O certo é que um desacerto entre o que se disse, o que se ouviu e o que verdadeiramente se fez nos conduziu a esta situação perigosa em que nos encontramos.
E sem quaisquer complexos cabe a todos nós, como parte integrante da sociedade assumir a nossa quota-parte nesse descalabro. Uns porque mentiram e tiveram apenas em vista os seus próprios interesses e outros porque pensaram que nuns pais pequeno e pobre com os seus recursos ainda mais diminuídos pela «exemplar descolonização», seria possível vivermos, fazendo de todos os dias uma espécie de “sábado à noite”. Mas não vale a pena referirmo-nos a um quotidiano que todos conhecemos, nem a dar importância a alguns que, embora descrentes de Deus, querem que os tomemos como autores de um futuro, que só existe nas suas ocas cabecinhas!...
Comecei por transcrever o começo do sermão do Padre António Viera aos Peixes apenas para uma pequena reflexão, porque bem precisamos de a fazer.












  



















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