sexta-feira, junho 12, 2009

Rescaldo





Terminou, por agora, a poluição televisiva, motorizada, barulhenta e agressiva, desses grupos coloridos de gentes e de veículos que percorreram o país durante mais uma campanha de caça ao voto.
Durante o tempo que durou a caçada, nunca, a meu ver, a vida política nacional se assemelhou tanto ao tráfego caótico numa estrada estreita e esburacada num fim-de-semana prolongado.
De tudo se viu – excesso de asneiras, condução sem licença, taxa de alcoolemia acima do permitido, circulação pela faixa contrária, despistes, ultrapassagens perigosas, insultos mútuos, falta de civismo... Nada faltou nesse engarrafamento de ideias onde tudo se misturou e nada se ouviu de concreto.
Não há dúvida que foi deveras confrangedor o espectáculo que nos ofereceram tanto os que se apresentaram para nos representar na Tribuna da Europa, como alguns dos que os apoiavam!...
Quando o responsável por uma das principais bases da civilização, que é a Cultura, desce os degraus da escada e vem, consciente, chafurdar na lama apodrecida do charco da política usando uma linguagem em nada condizente com o cargo que ocupa, é certo que nada mais nos separa dos homens das cavernas.
De todo esse conjunto de acusações mútuas, de todos esses excessos de linguagem, de todos os atentados à sanidade mental dos eleitores, de toda essa falta de educação e princípios, o que se poderá esperar dos futuros eleitos?
Se o seu trabalho em Bruxelas corresponder àquilo que demonstraram durante o tempo que percorreram o país trocando acusações pessoais e esquecendo o seu principal dever, então podemos estar certos de que nada mais nos resta do que encomendarmo-nos a Deus e esperar um milagre! Um milagre que nos traga de volta homens que saibam o que é a lei da honra, essa Honra tradicional portuguesa, criadora de homens de um só rosto de um só parecer. Homens que digam o que pensam e não apenas o que lhes convém. Homens de carácter, sem a sede doentia do lucro e do prazer. Homens que professem os valores essenciais da democracia que apregoam...
Por tudo aquilo que se viu e ouviu, com constantes atropelos às mais elementares regras da educação, não restam dúvidas que se esqueceu o «cargo» e se passou a defender o «tacho».
É muito triste assistir a toda esta vergonha e chegar à conclusão de que a ganância, a vaidade e o interesse, desnudam e põem a claro a falta de Ética de certos homens que, pelo lugar que ocupam na sociedade, deveriam comportar-se como verdadeiros cidadãos – íntegros, honestos e defensores dos verdadeiros desígnios da Nação.

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