quarta-feira, junho 24, 2009
Masturbações
Dizia-me há dias um dos meus mais jovens leitores, que uma rubrica influente deve abordar todos os assuntos – dos mais insignificantes aos mais complexos – desde que todos eles sejam considerados sérios e importantes.
E ao pedir-lhe que me desse um exemplo de um tema que gostasse de ver focado nesta rubrica, olhou-me do alto dos seus cento e oitenta e cinco centímetros e, catedraticamente, disparou:
-A sexualidade, meu amigo, o sexo! Não vês que é, hoje em dia e a seguir à política e ao futebol, a coisa de que mais se fala, em toda a comunicação, quer televisiva, radiofónica ou escrita?...
E foi assim, prezados leitores, que me senti na obrigação de me documentar para, à minha maneira, fazer a abordagem de tão escaldante assunto.
E vai daí, numa primeira fase, dirigi-me à Sociedade Mundial de Sexologia e pedi que me enviasse os “Cadernos de Sexologia Clínica” da autoria do seu fundador e presidente.
A resposta não se fez esperar. A obra encontrava-se esgotada e foi-me proposto, em substituição, o envio de uma cassete vídeo aconselhada a casais responsáveis e desejosos de aperfeiçoar e conhecer melhor o velho caminho do prazer.
Não respondi. Entretanto fiz algumas pesquisas, li várias obras relacionadas, mas nada vi ou li que já não soubesse…
Uns meses depois recebi de um senhor com um nome esquisito e que se dizia doutorado em “psicosexologia” e “neuropsicologia”, uma proposta do envio, contra reembolso, de três cassetes que ministravam um curso intitulado “Sexotónico.
Como exemplo da eficácia que o referido curso poderia vir a ter no que ao sexo diz respeito, o proponente fazia uma comparação entre o vaivém espacial e os foguetes das festas das aldeias.
Explicava ele que “enquanto a subida do vaivém é prolongada, a dos foguetes é efémera, pois tão depressa sobem como depressa caem…”
Além de não ter percebido bem a “mensagem”, também achei exagerado o preço do curso e artificial e pouco credível a maneira de tratar um assunto tão complexo.
Mesmo sabendo de antemão que vou desiludir o meu amigo, desisti de fazer mais pesquisas sobre o tema.
E para vos falar com toda a franqueza, em questões de sexo já me basta ter de assistir às masturbações intelectuais, ao fluxo palavroso, que escorre, peganhento, dos discursos balofos e narcisistas de certos políticos da nossa praça.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário