sexta-feira, abril 11, 2008

Senhor Ministro




Excelência
Todos os anos, por ocasião do aumento das pensões, costumo escrever-lhe uma carta. E, apesar de até à data não ter recebido qualquer resposta, teimoso que sou, aí vai mais uma.
Ainda pensei em não lha mandar este ano. Mas quando vi e ouvi o seu secretário de Estado, um tal Pedro Marques, empoleirado no seu galho e acoitado sob o manto da irresponsabilidade pronunciar aquele chorrilho de patacoadas, então não me contive…Como quem atira rebuçados a miúdos, o fulanito queria, todos os meses e durante catorze, enviar 68 cêntimos aos idosos pensando que com isso estava a fazer uma obra de caridade! Com que então se pagassem o aumento extraordinário aos velhotes em Dezembro, eles gastavam-no todo de uma só vez?!...
É preciso não conhecer minimamente as condições de vida em que vivem os milhões de pobres do País para proferir tais insanidades!... Saberá o Senhor Marques que, nalguns casos, para muitos reformados o aumento se traduz nuns míseros cêntimos por dia? Saberá que a pensão de muitos idosos não chega para pagar a conta na farmácia? Saberá o Sr. Pedro que muitos deles trabalharam mais de meio século sem nunca se terem sentado à mesa do orçamento, pagando sempre os seus impostos e nunca “abicharam” um cargo apadrinhado, como é o seu caso?
Se alguns figurões conseguem um montão de notas em poucos anos sem nada fazer, é porque, como diz o ditado, “na terra de cegos quem tem olho é rei...” O nosso Camões morreu pobre talvez porque só tinha um, e em vez da política optou pelos “Lusíadas”. E lixou-se... Dizem que morreu à fome e, paradoxo dos paradoxos, muitos, agora, enchem a boca com o seu nome…
No meu caso e falando de aumentos, não sei ainda o que irei fazer com o meu e o de minha mulher. Mas sou capaz de aceitar a sugestão da patroa que é de constituir uma espécie de fundo de poupança que nos permitiria nas próximas eleições ter dinheiro suficiente para comprar uma lata de tinta preta e pincéis para nos deliciarmos a borrar, nos cartazes de propaganda, as “fuças” dos novos pretendentes ao trono.
Deixe-me também dizer-lhe, Excelência, e reforçando o que acima escrevi acerca do seu secretário, que não seria pior arranjar-lhe outro cargo, pois ele não tem sensibilidade para o que ocupa. Não acha que o que ele disse foi como que um ultraje aos pobres e aos velhos que recebem uma miséria?
Em contrapartida e apesar de a percentagem ser menor, os ricos, porque auferem pensões “astronómicas", agradecem-lhe. Mas não esqueça que os pobres são muito mais. E que o seu número não cessa de aumentar. Cuidado. Nunca ouviu dizer que a “fome não tem lei?...”
Todos nós sabemos que o mal vem de trás. Mas o exemplo deve vir de cima. E não vem... Os esbanjamentos não param. Disfarçados, é certo, mas continuam. Aos pequenitos já nem o cartão de eleitor lhes vale, pois por mais que escolham, menos acertam. É indiscutível que atravessamos uma crise muito grave. Porém, são sempre os que menos têm e que mais precisam, que a pagam... E o senhor Ministro, mais uma vez, exemplificou bem essa dolorosa, imoral e triste realidade!...

4 comentários:

Manuel Costa disse...

não estou de acordo

Manuel Costa disse...

não estou de acordo

Manuel Costa disse...

bfnhmjgdmhdm

Artur Leitão disse...

arcavelha & Ponto Final completam-se e dizem coisas que gostamos de ler.
Há que espalhá-las aos quatro ventos