Elogio à preguiça
Cá estou de novo para contar como foi o meu dia de ontem, feriado, dia da comemoração da implantação da República e dia do corte da relva da frente e dos lados. Às 16 já estava estafado. Depois da relva, fui apanhar nozes! Conhecem o provérbio que diz que Deus as dá a quem não tem dentes? O provérbio concretizou-se… e as costas pagaram a factura. Com a mola já gasta e enferrujada, imaginem como fiquei!... Partido, esbodegado, empenado, eu sei lá…
Ah! Ainda apanhei umas castanhas de um ouriço que se lembrou de parir mesmo quando eu passava por baixo do castanheiro. Por pouco não me caía na careca…
Finalmente ás 18 horas sentei-me no escritório a ler e por coincidência um texto que fala de ócio… e eu vou transcrever uma passagem:
«Há uma quantidade de gente que é amadora de fazer aquilo que a nós, por exemplo, custaria. Mas eles gostam…Conheci um homem, que tinha sido Governador de Macau, que já estava aposentado de vários cargos, tinha andado também na política e depois da Ditadura tinha sido afastado de tudo, esse sujeito levava um dia inteiro, numa quinta onde morava, montando e desmontando motores. Era o gosto dele! Montava e desmontava… Aparecia sempre ao almoço, ao jantar não, porque tomava banho antes, mas ao almoço aparecia sempre com as mãos imundas por ter andado a apertar válvulas por tudo quanto era motor e a desapertar no dia seguinte. Ele gostava daquilo! Há sujeitos que não gostam de fazer coisa nenhuma senão de estar a olhar para uma nuvem. Eu considero esses tipos utilíssimos, porque ninguém sabe o que sairá dali. Não se conta aquela história de que a lei da gravitação apareceu por ter caído uma maçã na cabeça do Newton? Não era obrigatório que o Newton estivesse a estudar Matemática na altura em que lhe caiu a maçã na cabeça…podia estar a dormir debaixo da árvore, ou ter acordado naquele momento, ou qualquer coisa assim, eu sei lá! Quem me diz que a um homem, cujo ideal é de estar de papo para o ar olhando para as nuvens, de repente se lhe atravessa na cabeça uma ideia?»
O texto é do nosso saudoso professor, escritor e filósofo Agostinho da Silva, um dos meus preferidos. Então esta última frase do texto é “o máximo”!...
Um dia destes vou pôr-me de papo para o ar (não debaixo do castanheiro!...)
e depois contar-vos-ei a ideia que ma atravessou a mona…
Olha!... Já são 23 e 45… o dia já está de pijama. E eu vou fazer o mesmo…Ai as minhas costas…
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