As férias são para descansar, mas não conseguimos alhearmo-nos do que se passa no mundo. Há sempre aquela tendência própria, aquela curiosidade que nos leva a querer saber, pelo menos, o que dizem os jornais. Foi o que aconteceu comigo. Depois de ter visto, antes de partir, a reportagem sobre a residência de Cavaco Silva na sua recente visita a Espanha em que era mostrada a residência de Franco onde tudo foi conservado, até a cadeira onde se sentava o caudilho, esbarrei com uma notícia num jornal espanhol “La Razón” de 28 de Setembro, em que se dizia que há em Espanha 360 ruas que mantêm uma relação com o regime franquista!
Não foi por isso, no entanto, que a Espanha deixou de progredir ao contrário de Portugal que começou por rebaptizar pontes, ruas, praças, etc., relacionadas com o regime salazarista, e apesar disso está na situação que todos onhecemos.
Não se pode apagar a História por mais negra que ela tenha sido.
Entre nós impera a hipocrisia do lucro que não hesita em renegar as suas origens e o seu passado para atingir os fins em vista. A propósito, li num semanário logo à chegada de férias, que Salazar ia ter um museu em Santa Comba Dão, mas o autarca responsável logo sacudiu a água do capote ao afirmar que “não era uma homenagem a Salazar, mas uma forma de passar aos mais novos a nossa memória colectiva. O que está aqui em causa é um abordagem meramente científica…»
Esta falta de coragem em assumir a responsabilidade histórica tem muito a ver com o estado a que Portugal chegou….É como que envergonharmo-nos dos pais que tivemos. Metaforizando, eles podem ter sido tudo: ladrões, bêbados, malandros, assassinos, mas não deixam de pertencer à nossa origem ao nosso passado. Muitos não devem fazer este raciocínio, porque hoje conta mais o que “somos” do que a maneira como aqui chegámos…
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