sábado, maio 18, 2013

ESCOLHAS



Ontem, dia 25 de Abril, Dia da Liberdade, quando me levantei, ainda pensei pedir ao meu motorista para preparar o Mercedes e ir até Lisboa ouvir os filhos da pátria no Palratório. Mas depois de uma pequena reflexão resolvi solidarizar-me com o Mário Alberto e com o Manuel Poeta, que não foram, porque o ambiente não era propício a pessoas do nosso gabarito. E não fui…
Mas se Liberdade é Liberdade por que não festejar também a minha?
E então decretei que ninguém cá em casa poderia ter acesso a qualquer órgão informativo, sobretudo os audiovisuais.
Quanto a Jornais, só entram os Regionais, pois são os mais pobres e portanto os mais honestos nas notícias que divulgam. Pela proximidade com as populações, conhecendo as suas dificuldades e anseios, a Imprensa Regional é essencial para as vivências locais, detendo papel preponderante na divulgação das realidades abrangidas pela sua área de actuação.
No que diz respeito a rádio, televisão e Internet, silêncio absoluto. Ninguém pode rodar o botão.   
Não foi difícil o consenso. Como somos apenas dois, resolvemos tudo pela via do diálogo e acabamos sempre por estar de acordo um com o outro.
Às oito e trinta da matina saímos de casa para o quintal. O Sol, vindo lá dos píncaros frios da Serra da Estrela e ainda enroupado numa nuvem branca, deu-nos os bons-dias. Os cachos de flores da glicínia brilhava mais, e nas folhas das plantas, os reflexos do astro-rei incidindo nas gotas de água, que escorriam da orvalhada da noite, faziam tremeluzir miríades de estrelinhas!   
O chilrear da passarada lembrava uma orquestra sem maestro – tocando cada qual uma partitura diferente, mas, mesmo assim, como é delicioso ouvir a cantoria da passarada no quintal!      
As andorinhas, em voos rasantes, mergulham no tanque-piscina e enchem o bico com água para ajudar na construção dos seus ninhos.
Foi este ambiente que escolhemos. Cortámos a relva do jardim, e plantámos flores ao mesmo tempo que apreciávamos os encantos da Natureza. E é sorvendo esta mistura de perfumes proveniente das várias espécies do jardim que eu festejo, neste dia, a Liberdade que é minha, a Liberdade de escolher. E eu escolhi este cenário de tranquilidade, esta atmosfera de paz e de bem-estar…
Cansei-me dos discursos palavrosos de todos esses Pinóquios da Democracia que no lugar do coração têm a carteira. Quanto aos seus cérebros e olhando a situação em que  nos meteram, vê-se logo quão insignificante é a quantidade de massa cinzenta, que ali mora.













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