Ontem,
dia 25 de Abril, Dia da Liberdade, quando me levantei, ainda pensei pedir ao
meu motorista para preparar o Mercedes e ir até Lisboa ouvir os filhos da
pátria no Palratório. Mas depois de uma pequena reflexão resolvi solidarizar-me
com o Mário Alberto e com o Manuel Poeta, que não foram, porque o ambiente não
era propício a pessoas do nosso gabarito. E não fui…
Mas
se Liberdade é Liberdade por que não festejar também a minha?
E
então decretei que ninguém cá em casa poderia ter acesso a qualquer órgão
informativo, sobretudo os audiovisuais.
Quanto
a Jornais, só entram os Regionais, pois são os mais pobres e portanto os mais
honestos nas notícias que divulgam. Pela proximidade com as populações,
conhecendo as suas dificuldades e anseios, a Imprensa Regional é essencial para
as vivências locais, detendo papel preponderante na divulgação das realidades
abrangidas pela sua área de actuação.
No
que diz respeito a rádio, televisão e Internet, silêncio absoluto. Ninguém pode
rodar o botão.
Não
foi difícil o consenso. Como somos apenas dois, resolvemos tudo pela via do
diálogo e acabamos sempre por estar de acordo um com o outro.
Às
oito e trinta da matina saímos de casa para o quintal. O Sol, vindo lá dos
píncaros frios da Serra da Estrela e ainda enroupado numa nuvem branca, deu-nos
os bons-dias. Os cachos de flores da glicínia brilhava mais, e nas folhas das
plantas, os reflexos do astro-rei incidindo nas gotas de água, que escorriam da
orvalhada da noite, faziam tremeluzir miríades de estrelinhas!
O
chilrear da passarada lembrava uma orquestra sem maestro – tocando cada qual
uma partitura diferente, mas, mesmo assim, como é delicioso ouvir a cantoria da
passarada no quintal!
As
andorinhas, em voos rasantes, mergulham no tanque-piscina e enchem o bico com
água para ajudar na construção dos seus ninhos.
Foi
este ambiente que escolhemos. Cortámos a relva do jardim, e plantámos flores ao
mesmo tempo que apreciávamos os encantos da Natureza. E é sorvendo esta mistura
de perfumes proveniente das várias espécies do jardim que eu festejo, neste
dia, a Liberdade que é minha, a Liberdade de escolher. E eu escolhi este
cenário de tranquilidade, esta atmosfera de paz e de bem-estar…
Cansei-me
dos discursos palavrosos de todos esses Pinóquios da Democracia que no lugar do
coração têm a carteira. Quanto aos seus cérebros e olhando a situação em que nos meteram, vê-se logo quão insignificante é
a quantidade de massa cinzenta, que ali mora.
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