sábado, setembro 08, 2012

CALAR...NUNCA!





A propósito da minha crónica da semana passada telefonou-me pessoa amiga dizendo-me que deveria ser mais “meigo” quando me refiro à nossa classe política. É que – dizia ele – nada ganhas e só angarias inimizades.  
Agradeci, mas logo informei que era coisa que não poderia prometer e isso por várias razões. A primeira, porque tudo o que escrevo acerca da classe, é verdade, ressalvando, claro, algumas excepções. Depois, porque, (Soares dixit) toda a gente tem direito à indignação. E a terceira é porque nunca pactuei com a hipocrisia e não gosto de bater palmas na rua e, janelas fechadas, criticar ou maldizer quem quer que seja. Fui, sou e continuarei a ser frontal. Sem papas na língua. Quando alguém se sentir atingido pelos meus desabafos nada mais tem a fazer do que responder. Eu cá estarei para me defender.
O que não posso é calar o que me vai na alma. E uma parte – ainda que pequena – da situação a que chegámos é também filha da acomodação de muitos. Como todos sabemos grande parte dos cidadãos deste país acoberta-se temerosamente num silêncio cúmplice e vergonhoso. Os membros dessa ‘irmandade’ têm “rabos-de-palha” e por isso evitam provocar faíscas, não vá o diabo tecê-las. E calam-se!...
Não é preciso nenhum diploma universitário nem mesmo daqueles que
se obtêm ao Domingo ou por inerência do cargo que se ocupa, para perceber a marosca, para não lhe chamar roubalheira.
Analisem com atenção uma factura da água, de electricidade ou de qualquer outro serviço público. Verifiquem o total. Vejam o que realmente gastaram e subtraiam os impostos – a fatia que vai para o Governo. Nalguns casos é mais do dobro, que vai servir para satisfazer a cupidez pelo poder e a ganância pelo dinheiro de uns tantos fulanos!...
E se falarmos noutros impostos, em Ivas em Imis, no dos combustíveis, etc., etc., então a coisa ainda pia mais fino.
Que paguemos o que gastamos e mais uma percentagem normal para remediar a despesas próprias dos serviços, entende-se. É normal e justo. Agora pagar o que não gastámos nem desviámos e alimentar uma classe parasitária a maior parte sem prática de vida sem experiência, sem uma pequena amostra de solidariedade para os que menos têm, isso não!
Podemos dizer, sintetizando, que temos tido uma política que assenta num diabólico binómio – prejuízos públicos, lucros privados. Será que alguém me desmente?
Para terminar, gostaria de transcrever as palavras de Adriano Moreira – uma referência a todos os níveis – proferidas há dias na Universidade de Verão do PSD: “Há um limite, que é a fadiga tributária, e nós não podemos atingir esse ponto. Qualquer responsável tem de estar muito atento a isso porque a prova de civismo da população tem sido enorme. Há manifestações sempre com uma ordem que, com o que tem acontecido na Europa, é exemplar, mas tem de se pensar neste ponto. A fadiga tributária é um facto que não pode ser ultrapassado…”
































EI-LOS QUE CHEGAM...




Não obstante o facto de possuirmos uma Língua riquíssima e com um vocabulário abundantíssimo, nós, como bons imitadores que sempre fomos, e esguichando engenho e arte por todos os poros, quando não imitamos... copiamos.
E vai daí, com esta nossa bazófia de querer mostrar ao mundo que somos os melhores, lá fomos surripiar o termo e, como a história do gato maltês que tocava piano e falava francês, passámos a designar o regresso dos nossos políticos ao seu "bem-bom," pelo vocábulo francês rentrée...
Não sabemos quando nem quem se apropriou da palavra. Mas quem o fez não era estúpido de todo!... É que a palavra rentrée, segundo Pierre Larousse, – o lexicógrafo francês bem conhecido de todos nós – emprega-se, essencialmente, no sentido de rentrée des classes, isto é, o regresso das crianças à escola! 
Portanto, quem pela primeira vez empregou o termo sabia o que fazia e deu-lhe a interpretação devida! Então não são quase todos os nossos políticos umas crianças grandes que cresceram por fora e continuam anões por dentro?!... Ou dito de outra maneira: não são alguns dos nossos políticos, meninos imberbes ou de caricatas barbichas, mimados, troca-tintas encartados e completamente alheios à realidade da vida?!...
Assim sendo, venha então a escola. Que eles bem precisam de lições. Mas qual o quê?...
Infelizmente, a vontade de aprender, de conhecer, de bem administrar, de bem gerir, parece não ser apanágio da classe.
Mas viva a rentrée!... E foi festa aqui, comício acolá, e convívio mais além. Foi marisco no litoral, feijoada no interior, tripas no Norte e cataplana no Sul. Foi fanfarra na aldeia, Boys-Band nas cidades, mas sempre tudo programado de maneira a que a televisão mostrasse o interior do chapiteau com todos os artistas: palhaços, domadores, trapezistas, engolidores de espadas, ursos amestrados e a respectiva moldura humana com figurantes ensaiados e basbaques que batiam palmam muitas vezes sem saberem porquê!
Viva a rentrée! Ei-los que chegam! Bronzeados, palradores, aí estão de novo os charlatães – sorridentes e palavrosos, maletas cheias de nada, prontos para venderem mais uns quilos de banha de cobra. Ei-los que chegam. Contentes, morenaços, descomplexados, eles aí estão de novo e com o seu nacional-porreirismo ao mais alto nível!
Não há diferenças entre eles, seja qual for a ideologia que adoptem. E a nossa recente história política é bem clara – quando se trata de dinheiro toda a gente é da mesma religião.




  
 




EI-LOS QUE CHEGAM...

Não obstante o facto de possuirmos uma Língua riquíssima e com um vocabulárioabundantíssimo, nós, como bons imitadores que sempre fomos, e esguichando engenho e arte por todos os poros, quando não imitamos... copiamos.
E vai daí, com esta nossa bazófia de querer mostrar ao mundo que somos os melhores, lá fomos surripiar o termo e, como a história do gato maltês que tocava piano e falava francês, passámos a designar o regresso dos nossos políticos ao seu "bem-bom," pelo vocábulo francês rentrée...
Não sabemos quando nem quem se apropriou da palavra. Mas quem o fez não era estúpido de todo!... É que a palavra rentrée, segundo Pierre Larousse, – o lexicógrafo francês bem conhecido de todos nós – emprega-se, essencialmente, no sentido de rentrée des classes, isto é, o regresso das crianças à escola! 
Portanto, quem pela primeira vez empregou o termo sabia o que fazia e deu-lhe a interpretação devida! Então não são quase todos os nossos políticos umas crianças grandes que cresceram por fora e continuam anões por dentro?!... Ou dito de outra maneira: não são alguns dos nossos políticos, meninos imberbes ou de caricatas barbichas, mimados, troca-tintas encartados e completamente alheios à realidade da vida?!...
Assim sendo, venha então a escola. Que eles bem precisam de lições. Mas qual o quê?...
Infelizmente, a vontade de aprender, de conhecer, de bem administrar, de bem gerir, parece não ser apanágio da classe.
Mas viva a rentrée!... E foi festa aqui, comício acolá, e convívio mais além. Foi marisco no litoral, feijoada no interior, tripas no Norte e cataplana no Sul. Foi fanfarra na aldeia, Boys-Band nas cidades, mas sempre tudo programado de maneira a que a televisão mostrasse o interior do chapiteau com todos os artistas: palhaços, domadores, trapezistas, engolidores de espadas, ursos amestrados e a respectiva moldura humana com figurantes ensaiados e basbaques que batiam palmam muitas vezes sem saberem porquê!
Viva a rentrée! Ei-los que chegam! Bronzeados, palradores, aí estão de novo os charlatães – sorridentes e palavrosos, maletas cheias de nada, prontos para venderem mais uns quilos de banha de cobra. Ei-los que chegam. Contentes, morenaços, descomplexados, eles aí estão de novo e com o seu nacional-porreirismo ao mais alto nível!
Não há diferenças entre eles, seja qual for a ideologia que adoptem. E a nossa recente história política é bem clara – quando se trata de dinheiro toda a gente é da mesma religião.