sexta-feira, agosto 20, 2010

OS CAMINHOS SINUOSOS DA HISTÓRIA



"...Na galeria da História, há nomes que não esquecem e outros que até deixam saudade. Salazar é um deles! Por isso é que de todos os lados, inclusivamente gente da oposição, que outrora o combateu, ao ver o descalabro em que Portugal se afunda, clama. "Quem dera outro Salazar". É Portugal a vingá-lo do camartelo destruidor da revolução ignara (…)"
(…) Nem sempre a pedra tumular fecha o palco da vida. Os actos que tantas vezes se ensaiaram e representaram, as cenas do quotidiano de que se fez história, deixaram a "suspense" no clímax do seu desaparecimento, levando os espectadores a interrogar-se como em acção de narrativa aberta: e depois?
Já lá vão catorze anos que se finou Oliveira Salazar, personagem principal da cena política portuguesa durante algumas décadas. Mas o túmulo, se lhe guarda os despojos, não lhe encerra a alma nem a obra,
que continuam vivas: a alma em Deus, e a obra na lembrança de todos os bons Portugueses e na realidade visível do torrão nacional, onde, mesmo mudando-lhe o nome ou cobrindo-a de adjectivos grotescos, na
tentativa de a desvirtuar, clama bem alto que foi uma época de progresso a todos os níveis; época em que o nome de Portugal era pronunciado com respeito em toda a parte, menos pelos bandoleiros internacionais que, ao menos, o temiam, e pelos inimigos e falsos amigos que não toleravam a altivez dada pela independência de quem, não se sujeitando á canga que pretendiam impor-nos sob a aparência
de liberdade, democracia e modernização, poderia colocar como divisa da sua governação o grito célebre de José Régio nas estrofes gloriosas e imortais do Cântico Negro: "Não vou por aí (…)”
Padre Cândido de Azevedo numa homilia na capela do Vimieiro onde, com o cónego Simões Pedro, concelebrou uma missa.

quarta-feira, agosto 18, 2010

REEDIÇÃO DA FEIRA ANTIGA




FOTOGRAFIA DA MINHA INFÂNCIA


Nesta fotografia, quando me vejo, julgo que ela deve ter sido tirada em 1938 ou princípios de 1939.
O grupo era uma espécie de “milícia” sem armas…
A ideia partiu de um senhor que se chamava Germano que era uma homem um pouco misterioso. Lembro-me que a certa altura desapareceu da aldeia e só passados muitos dias apareceu dizendo que tinha estado em meditação algures na serra do Caramulo!
Alguns atribuíram tal facto a um amor não correspondido enquanto outros o encaravam como um devaneio de pessoa com pouco juízo!
O certo é que o Germano reuniu todos os rapazes que estão na fotografia de braço estendido, fazendo continência, e começou a dar-lhes lições como se tratasse de tropa a sério. Os que estão por detrás, os mais velhos, eram os que apoiavam a ideia.
Todos os sábados havia exercícios e lá estávamos todos. Marcar passo, marchar, fazer ginástica era o programa daquela “força de ataque”.
A princípio, marchávamos sem arma, mas um dia o Germano lembrou-se de ordenar que cada qual deveria fazer uma espingarda de pau para com ela marchar. E todos obedeceram!
No exercício seguinte lá estávamos todos de arma ao ombro, prontos para o desfile…
E era uma festa aos domingos, de tarde, desfilar pela rua principal da aldeia.
Naquele tempo poucas ou nenhumas distracções havia nas aldeias e tudo o que quebrasse a monotonia do dia a dia, era motivo de festa e até de admiração por parte dos mais idosos. Afora o jogo do pião, da bilharda e do finto, poucos mais entretenimentos havia e daí que toda ou quase toda a aldeia viesse ver a “tropa” e bater palmas à passagem daqueles intrépidos soldados!...
Bons tempos esses…
Mais tarde o Germano constituiu família e lá onde ele estiver aqui deixo uma breve prece para que ele esteja em paz, ele que, durante um período da sua vida, cedo, nos começou a preparar para a “guerra…”