domingo, fevereiro 28, 2010

Recordações de África - XVIII Aniversário da "STAR"



Recordações de África - 60 Anos da ASK

Os 60 anos da ASK – a Associação dos Portugueses residentes no Zaire – foram comemorados com vários actos, alguns dos quais recordam a Terra-Mãe distante e os hábitos das suas gentes. Houve várias competições desportivas, sessões de cinema, quermesse e outras manifestações com características tipicamente portuguesas.
Fundada com o nome de Amicale Sportive Portuguesa por um grupo de portugueses, entre os quais se evocam o nome de Raul Saraiva, Florindo Dias Serra e António Horta, a Amicale Sportive Kinoise é hoje uma das mais antigas Associações desportivas da capital zairense.
Em livro recentemente editado nesta cidade, sob o título «Kinshasa ce village d’hier», no capítulo dedicado ao desporto, salienta o autor que já em 1920 os encontros de futebol entre a Amicale Portuguesa e outras duas formações então existentes – Les Coqs e L’Etoile – atraíam grande número de espectadores. (…)
(Extracto de uma reportagem de Manuel Ventura da Costa, no antigo Semanário “TEMPO”, em 2 de Agosto de 1979)

terça-feira, fevereiro 23, 2010

TRANSCRIÇÕES

" FAZER OITENTA ANOS, QUE LINDO!...

Há pessoas em que os anos se vão sucedendo só no corpo; o espírito continua jovem.
A Juju, amiga e companheira do Rotary Club de Tondela – a sua segunda família –, a quem me ligam laços de muita amizade, assim como a seu marido, o meu amigo Manel (que pela modéstia com relutância aceitou este relato), fez no passado dia 11 oitenta anos, mas é como se os não fizesse, pois a jovialidade com que vive e partilha amizades, não faz supor essa idade.
E seu marido, um pouco mais velho, usa o mesmo “tratamento”, ou seja a idade está só no B.I., já que o espírito, o interesse por tudo o que o rodeia, a lucidez com que esgrime as palavras e as conversas são também de alguém, como a esposa, na flor da idade mental e de bem com a vida. Estão bem um para o outro.
Para comemorar – e para comemorar não há nada melhor que estarmos reunidos à volta de uma mesa – houve reunião nos 3 Pipos, no Sábado, dia 13.
O casal, os filhos – um dos quais completava nesse dia mais um aniversário – e netos (que são o seu enlevo), os parentes e os amigos, com um grande grupo de companheiros do Rotary a que tanto está ligada, ali estiveram irmanados pelos valores que entroncam na família e na amizade, pela alegria do momento, pela partilha de sentimentos, pelos saberes que ajudam na caminhada e aproximam os horizontes, mas também pelos “sabores”que fortalecem a companhia e reforçam as relações.
E o que se passou naquela tarde, no Restaurante 3 Pipos, com mais de 40 familiares e amigos a sentirem no peito o aconchego da família alargada, foi um momento lindo que só uma vida cheia é capaz de motivar.
Feliz de quem tem a graça dos seus anos continuarem a ser Primaveras, por saber ir buscar a felicidade à seiva que emana das raízes dessa felicidade.
Feliz, também, pela família, mas igualmente pelos amigos que soube granjear.
AL "

(Do Jornal de Tondela, Edição n.º 984 de 25 de Fevereiro de 2010)

sexta-feira, fevereiro 19, 2010

Oitenta Anos!...




Há quem diga que a partir de uma certa idade os anos se desfazem, mas não se fazem…
Numa linguagem mais popular quer isto dizer que a partir de um determinado número de Invernos não tem lógica comemorar o dia em que nascemos.
Felizmente que nem todos são dessa opinião e, quanto a mim, quantos mais forem os anos, mais razão há para assinalar o dia em que demos os primeiros vagidos e acrescentámos mais uma unidade às estatísticas natalícias.
Vem este intróito a propósito da comemoração dos 80 anos da minha chefe, à qual rendo homenagem e com a qual tenho colaborado ao longo de quase sessenta anos na realização de vários projectos.
Por escritura lavrada a 14 de Abril de 1951, iniciámos a nossa parceria e um ano depois víamos realizado o nosso primeiro sonho. Após quatrocentos e cinquenta dias, repetíamos a façanha e já com dois pilares edificámos a estrutura que iria dar continuidade à nossa descendência.
Entretanto, a Vida, alterada no seu rumo por ventos adversos e rajadas imprevisíveis viu o seu rumo desviado e algumas coberturas cederam sem, contudo, atingir a estrutura base que sempre resistiu a esses traiçoeiros vendavais.
A obra foi avançando e sem qualquer recurso a novas tecnologias a tribo foi-se expandindo naturalmente e apesar dos “desaires” acima mencionados, conta hoje com 10 elementos efectivos e um aspirante, num total de 11.
A comemoração reuniu, além dos elementos da tribo, familiares da minha chefe e respectivos consortes, assim como uma plêiade de Amigos companheiras e companheiros do Clube Rotário da cidade…
Foi uma festa bonita, uma reunião de família, um convívio onde tudo se misturou – emoção, alegria, amizade e sobretudo muito, mas muito carinho. Todos os ingredientes para que a minha chefe se sentisse feliz. E mais ainda porque um elemento da tribo, o primeiro projecto, festejava também nesse dia o seu aniversário!
Com votos de muita saúde, aqui fica, para os dois aniversariantes, o registo do dia 11 e a comemoração do dia 13 de Fevereiro de 2010.

terça-feira, fevereiro 09, 2010

Uma pausa durante a caminhada

Porquê?!...
A crise que estamos a viver não é unicamente económica e financeira, mas também filosófica e espiritual e obriga-nos a interrogações plurais:
O que é que é preciso para que o ser humano seja feliz? O que é que pode ser considerado como verdadeiro progresso? Quais as condições necessárias para uma vida social harmoniosa?!...
Contra a actual visão puramente materialista do homem e do mundo, Sócrates, Jesus e Buda são os três mestres da vida. Uma vida que eles não limitam nunca a uma concepção hermética e dogmática.
E é por isso que as suas palavras através dos séculos continuam pertinentes e actuais.
Os três, superando as suas divergências, acabam por estar de acordo no essencial: a existência humana é preciosa e cada um de nós, venha ele de onde vier, é convidado a procurar a verdade, a conhecer-se profundamente, a tornar-se livre, a viver em paz consigo mesmo e com os outros.
Se interiorizarmos esses conceitos talvez encontremos a resposta à pergunta que fazemos muitas vezes, baixinho, para que ninguém nos ouça: Por que é que eu não sou completamente feliz?!...
O que eles disseram:
Nos jeunes aiment le luxe, ont de mauvaises manières, se moquent de l’autorité et n’ont aucun respect pour l’âge. À notre époque, les enfants sont des tyrans.»
Socrate
Rester en colère, c'est comme saisir un charbon ardent avec l'intention de le jeter sur quelqu'un ; c'est vous qui vous brûlez.
Bouddha
Aimez-vous les uns les autres.
Jésus de Nazareth






segunda-feira, fevereiro 08, 2010

A Fotografia


A fotografia é a de um cidadão português que foi visto em 13 de Abril de 1942 numa Vila da Beira Alta, quando tinha dezasseis anos.
Desde essa data várias pessoas afirmam tê-lo visto, ao longo dos anos, em diversos pontos do Mundo, nomeadamente em África e em alguns países europeus.
Ultimamente parece ter sido visto numa aldeia portuguesa, mas não há a certeza de que se trate do mesmo cidadão, pois após 68 anos da data em que foi tirada a fotografia, é difícil afirmar com verdade se se trata da mesma pessoa.
O cidadão “avistado”, velhote e desgastado pela “erosão” do tempo, embora apresente parecenças fisionómicas com o rosto da foto, não tem quaisquer semelhanças sobretudo no que diz respeito ao couro cabeludo!...
Além disso, enquanto o rapazinho da foto era solteiro, o velhote “avistado” tem uma catrefada de descendentes entre eles dois filhos casados, uma nora presente, duas ausentes, três netas e dois netos homens.
Como não é possível encontrar o jovem após todos estes anos, a família parece ter-se afeiçoado ao tal velhote “avistado” e a afeição é recíproca. E anos após ano, mês após mês, dia após dia, todos juntos, com a ajuda de Deus, eles vão partilhando e saboreando todos os momentos – os bons e os menos bons! …

sábado, fevereiro 06, 2010

Passado e Presente

Por mais triste e ingrato que tenha sido o nosso passado, ninguém, apesar disso, o poderá desprezar ou esquecer. E isso porque além de ele constituir o alicerce do presente contribuiu também de forma decisiva e determinante para a formação da nossa identidade pessoal.
As nossas penas e as nossas alegrias dependem muitas vezes de comparações que fazemos entre os dois. E, quase sempre, as alegrias do presente fazem esquecer as penas por que passámos. Com uma lágrima de vez em quando, confesso!...
Mas por mais esforço que façamos para o esconder, há sempre, dentro de nós, um pouco do passado, um pouco da criança que fomos. Há sempre um sorriso esquecido, um sorriso que não cresceu, um sorriso que ficou menino. Há sempre dentro de nós um petiz sensível que bate palmas ao seu herói preferido, embora o faça quase sempre em silêncio, não vá o montão de anos desabar e fazer com que o sonho acabe!
O mundo está perigoso. E hoje, talvez "contaminado" por esta onda avassaladora de insegurança e medo, enojado por todo este vedetismo saloio, por este snobismo sem limites, assistindo impotente a todos estes desmandos e a todo este conjunto de males que devoram o humanismo, apetece-me me sonhar...
E regresso à rua da minha infância. E recordo os putos de outrora e os jogos: o do pião, o da bilharda, o da cabra-cega, o do lencinho, o dos pinhões (par ou pernão?...), o do botão, o da malha, o da macaca...
O chiar dos carros de bois, o cheiro da terra, do estrume, o som dos socos nas pedras da calçada cobertas de gelo no Inverno, as noites longas à luz de petróleo, à luz da vela... A lareira com as panelas de ferro de três pés e, lá dentro, a fumegar, o caldo inigualável de minha Mãe...
A Primavera com o seu manto verde, as orvalhadas matinais, as ladainhas, o cheiro das primeiras rosas, o chilrear da passarada, os ninhos... O Verão com as noites quentes, os banhos nos açudes e nas "poças", as regas, a azáfama das colheitas, as desfolhadas... No Outono as vindimas, o cheiro do mosto vindo do tanque da adega onde fermentavam os cachos...
Mas... qual silhueta de barco distante que navega no mar da minha existência e que vai desaparecendo lá no horizonte, também o sonho se desfaz e a realidade bate à porta!
E eis-me de novo nesta sociedade de consumo e de competição desmedida onde o capitalismo selvagem, o egoísmo, a falta de escrúpulos e um pragmatismo tecnocrático dominante, favorecem cada vez mais as classes ricas e fazem aumentar em cada instante que passa, os pobres e os excluídos. Quanto a velhos, eles são já tantos que começa a não haver lugar onde os “depositar”!...
Segundo uma reportagem de há dias, num jornal diário, são já cinquenta e dois mil os que vivem em lares de idosos. E há listas de espera…Se a estatística incluísse todos os que vivem em suas casas com carências de toda a espécie, estou convencido que esse número quadruplicaria.