domingo, março 30, 2008
Sorria
Para mim, o remédio para andar sempre bem-humorado consiste em aceitarmos as coisas tal como elas se nos apresentam fingindo que era assim que nós as desejávamos. Penso também que se o homem das cavernas tivesse sabido rir, a História teria tomado um rumo muito diferente.
Até mesmo o nosso primeiro Rei se em vez das palavras feias que dizem ter dito à mãe soltasse uma estridente gargalhada, estou certo que a nossa gasolina não estaria tão cara e Zapatero teria tido mais votos nas últimas eleições!
Perante toda esta balbúrdia e insubordinação que alastra por todo o rectângulo só há uma única arma para lhe fazer face – o riso! Só com uma espontânea gargalhada se pode fazer frente a todas estas "criancices" da nossa gente graúda.
A antiga maneira de dividir a nossa fauna em bons e maus, sinceros e falsos, velhos e novos, sábios e analfabetos, passou à história. Agora, cá no cantinho instaurou-se uma nova era com quatro categorias de indivíduos: - os que mandam, os que fingem que trabalham, os que trabalham de verdade, e os "outros".
Na categoria dos que mandam podem incluir-se não só os donos do poder como também aqueles que por misteriosas artes e manhas se tornaram donos e senhores de fortunas incalculáveis. Na categoria dos que fingem trabalhar, estão aqueles cujos salários lhes "caem" na conta logo a partir do meio do mês; na dos que trabalham de verdade, a percentagem não pára de diminuir e segundo as estatísticas é uma classe em vias de extinção.
Restam os "tais outros", que são os mais felizes: - são alérgicos ao trabalho e não pagam impostos. Ou recebem o RMG, ou estão no desemprego. Ambos, normalmente, fazem uns biscates por fora o que lhes permite viver sem problemas. Criticam o governo em casa, batem palmas na rua, mas a sua ideologia tem mais a ver com dinheiro do que com ideias. Riem-se de todos: dos que mandam, dos que fingem trabalhar e dos que trabalham. Dos que mandam, porque lhes comem as papas na cabeça; dos que fazem de conta que trabalham, porque sabem fingir melhor, e dos que trabalham porque, sem nada fazer, recebem ordenado. Um autêntico reino do riso. Por isso ninguém de bom senso pode levar a sério tanto disparate. E como não podemos lutar contra tantos acomodados e tantos comodistas, resta-nos, como arma, o riso. Riamos, pois, e cultivemos o humor. É a única maneira de prevenir, além de outras doenças menores, as perigosas úlceras nervosas e as fatais doenças cardíacas. Em vez de dar murros na mesa, ria à gargalhada, caro leitor. Nem sempre é fácil, eu sei. Mas já pensou que se o dinheiro fosse só para os inteligentes, os bons lugares para os competentes, a popularidade para os honestos, acha que poderíamos continuar a existir como País?!... É a história da carteira e da consciência. Mas não se esqueça que carteira e consciência são coisas bem distintas. É preferível, por isso, sonhar de vez em quando do que ter pesadelos constantemente.
sexta-feira, março 21, 2008
L'Art de vieillir
Vieillir, se l'avouer à soi même et le dire
tout haut, non pas pour voir protester les amis,
mais pour y conformer ses goûts et s'interdire
ce que la veille encore on se croyait permis.
Avec sincérité, dès que l'aube se lève,
se bien persuader qu'on est plus vieux d'un jour ;
à chaque cheveu blanc, se séparer d'un rêve
et lui dire tout bas un adieu sans retour.
Aux appétits grossiers, imposer d'âpres jeunes,
et nourrir son esprit d'un solide savoir,
devenir bon, devenir doux, aimer les fleurs,
aimer les jeunes, comme on aima l'espoir.
Se résigner à vivre un peu sur le rivage,
tandis qu’ils vogueront sur les flots hasardeux,
craindre d'être importun sans devenir sauvage,
se laisser ignorer tout en restant près d'eux.
Vaquer sans bruit aux soins que tout départ réclame,
prier et faire un peu de bien autour de soi,
sans négliger son corps, parer surtout son âme,
chauffant l'un aux tisons, l'autre à l'antique Foi.
Puis un beau soir, discrètement, souffler la flamme
de sa lampe et mourir parce que c'est la loi.
Jean Fabié
tout haut, non pas pour voir protester les amis,
mais pour y conformer ses goûts et s'interdire
ce que la veille encore on se croyait permis.
Avec sincérité, dès que l'aube se lève,
se bien persuader qu'on est plus vieux d'un jour ;
à chaque cheveu blanc, se séparer d'un rêve
et lui dire tout bas un adieu sans retour.
Aux appétits grossiers, imposer d'âpres jeunes,
et nourrir son esprit d'un solide savoir,
devenir bon, devenir doux, aimer les fleurs,
aimer les jeunes, comme on aima l'espoir.
Se résigner à vivre un peu sur le rivage,
tandis qu’ils vogueront sur les flots hasardeux,
craindre d'être importun sans devenir sauvage,
se laisser ignorer tout en restant près d'eux.
Vaquer sans bruit aux soins que tout départ réclame,
prier et faire un peu de bien autour de soi,
sans négliger son corps, parer surtout son âme,
chauffant l'un aux tisons, l'autre à l'antique Foi.
Puis un beau soir, discrètement, souffler la flamme
de sa lampe et mourir parce que c'est la loi.
Jean Fabié
sábado, março 15, 2008
Ave Maria
Ave Maria
Ave Maria
Ceux qui souffrent viennent à toi
Toi qui as tant souffert
Tu comprends leurs misères
Et les partages
Marie courage
Ave Maria
Ave Maria
Ceux qui pleurent sont tes enfants
Toi qui donnas le tien
Pour laver les humains
De leurs souillures
Marie la pure
Ave Maria
Ave Maria
Ceux qui doutent sont dans la nuit
Maria
Éclaire leur chemin
Et prends-les par la main
Ave Maria
Ave Maria, Ave Maria
Amen
Charles Aznavour
Ave Maria
Ceux qui souffrent viennent à toi
Toi qui as tant souffert
Tu comprends leurs misères
Et les partages
Marie courage
Ave Maria
Ave Maria
Ceux qui pleurent sont tes enfants
Toi qui donnas le tien
Pour laver les humains
De leurs souillures
Marie la pure
Ave Maria
Ave Maria
Ceux qui doutent sont dans la nuit
Maria
Éclaire leur chemin
Et prends-les par la main
Ave Maria
Ave Maria, Ave Maria
Amen
Charles Aznavour
sexta-feira, março 07, 2008
Politicamente incorrecto
Politicamente incorrecto
É corrente ouvir dizer – quando alguém se refere à classe política – que cada povo tem os políticos que merece. Admitindo, por hipótese, que a afirmação é verdadeira, que pecado teríamos nós cometido para que Deus nosso Senhor, nos tivesse dado como penitência aturar as traquinices de alguns dos políticos que se sentam nas cadeiras do Parlamento?
Li não sei quando nem em que livro que “a política é como o haxixe que enriquece os que o vendem e embrutece os que o fumam...”
Acho que não pode haver melhor definição para essa “arte”. Os que a praticam percorrem os caminhos da vida em carruagem de primeira classe; os que têm de se sujeitar às suas normas ficam apáticos e embrutecidos devido às exageradas doses de demagogia que inalam sempre que ouvem suas excelências.
Aqueles que na sexta-feira passada viram através da televisão ou leram nos jornais a troca de “mimos” havida entre o Governo e a Oposição (?) devem ter ficado apalermados e ao mesmo tempo esclarecidos quanto à decência, respeito e educação de cada um dos intervenientes na “batalha”. Uma vergonha!...
O Parlamento é, como todos nós sabemos, o espelho da Nação. É ali que se devem discutir os destinos do País, os males de que enferma e os remédios a prescrever para erradicar ou atenuar tais doenças.
Mas o que ali se vê é simplesmente o contrário. Do País não se fala. E se, por acaso, isso acontece, em vez de procurar antídotos para a doença e alívios para o paciente, logo toda a “família” desvia o debate, abandona o interesse nacional e o hemiciclo transforma-se num um lavadouro público.
Insultos, insinuações maldosas, palavras e expressões pouco próprios para o local, enfim, uma falta de decoro tal que, quando vemos, lemos ou ouvimos tais disparates, logo nos assalta uma pergunta: - Com gente desta como pode o País sair do lodaçal em que se encontra?!...
Sem querer entrar pelos caminhos sinuosos e controversos das ideologias,
nem evocar ou elogiar o passado fazendo dele emblema, devo esclarecer que fui criado no tempo em que ainda éramos camponeses. Camponeses pobres, tementes a Deus e educados no respeito àqueles que também se faziam respeitar. E que se respeitavam uns aos outros. Tempos ingratos, esses. Tempos difíceis, de muito trabalho e pouco dinheiro. Mas talvez por isso, de mais respeito, de mais educação, de mais humildade e de menos vaidade e prepotência.
Como é sabido, não morro de amores pela classe política e, por isso, há quem tente, de vez em quando, colar-me nas costas, à sorrelfa, alguns rótulos: saudosista e velho resmungão são os mais frequentes. Podem continuar a chamar-me mais nomes, porque além de ter as costas largas, nem todas as vozes chegam ao Céu, como diz o ditado.
quinta-feira, março 06, 2008
Na velha capela
Em busca de ajuda
É aqui em silêncio profundo,
À luz da lâmpada cintilante,
Que sinto a força dum outro mundo
Que está longe e muito distante…
Além, dentro daquele Sacrário
Que a luz da lâmpada ilumina,
Está simbolizado um Calvário,
Uma força suprema, divina.
Sou indigno de ver-te tão perto
A Ti luz de bondade e amor.
Sou pecador, mas estou certo
Que tens o coração aberto
Para acalentar a minha dor!
13/12/1948
É aqui em silêncio profundo,
À luz da lâmpada cintilante,
Que sinto a força dum outro mundo
Que está longe e muito distante…
Além, dentro daquele Sacrário
Que a luz da lâmpada ilumina,
Está simbolizado um Calvário,
Uma força suprema, divina.
Sou indigno de ver-te tão perto
A Ti luz de bondade e amor.
Sou pecador, mas estou certo
Que tens o coração aberto
Para acalentar a minha dor!
13/12/1948
Para além da Morte...
A dor que lentamente vai minando
Este meu pobre corpo decadente,
É cada vez mais forte, mais pungente,
À medida que o tempo vai passando.
Pouco a pouco meu mal vai aumentando
Num constante minar de corpo doente
Até que o sofrimento me demente
E, pobre louco, a morte vá buscando.
Eu sei como acabar este tormento:
Bastava apenas um dor mais forte
E, logo após… eterno esquecimento!
Um veneno, uma bala, um simples corte...
Que bom morrer assim, em um momento,
Se não houvesse vida além da morte!...
Aveiro, 1948
Este meu pobre corpo decadente,
É cada vez mais forte, mais pungente,
À medida que o tempo vai passando.
Pouco a pouco meu mal vai aumentando
Num constante minar de corpo doente
Até que o sofrimento me demente
E, pobre louco, a morte vá buscando.
Eu sei como acabar este tormento:
Bastava apenas um dor mais forte
E, logo após… eterno esquecimento!
Um veneno, uma bala, um simples corte...
Que bom morrer assim, em um momento,
Se não houvesse vida além da morte!...
Aveiro, 1948
Mulheres da rua
A horas mortas
Por ruas tortas
Elas bocejam…
Esperam confiantes,
Os seus amantes
Que depois as beijam.
Vendendo o seu corpo
Por preço vil
Habitam cabanas
Um triste covil.
Mostram-se se ao mundo
Com prazer
E num beco imundo
Fazem amor
A valer.
Almas tristes
Despedaçadas,
Elas vendem-se
Pelas estradas.
Um dia que passa
Não tem valor.
Despreocupadas
Nuca cansadas
-Tristeza das gentes!...
Brincam inocentes
Com o amor.
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