terça-feira, outubro 30, 2012

CST-IPSS - SEMINÁRIO "VIVER ENTRE GERAÇÕES"



TESTEMUNHO
Há muita gente que tem medo de envelhecer. No meu caso, confesso, que me sinto feliz por ter chegado a esta fase da vida. Ela dá-me a oportunidade de prosseguir o meu desenvolvimento tanto no aspecto pessoal como social. E quanto não vale este livro ilustrado que é a memória com todas as experiências vividas?!...
Por isso aceito o envelhecimento como uma fase da existência terrena de cada ser humano – encaro-o assim como que uma espécie de prolongamento de um projecto inacabado! …
Agora que os sonhos se esfumaram, que as paixões se esvaziaram e que à euforia de outrora sucede a crua realidade do dia a dia, o tempo tem outro encanto, outro sabor e cada amanhecer é uma dádiva que aviva o sentimento da maravilha do ser humano na terra com toda a sua riqueza e diversidade.
E é também uma outra maneira de interiorizar a vida com a alegria de poder participar nas iniciativas que povoam o curso fértil da humanidade através da solidariedade e do voluntariado. 
Mas nem sempre é fácil!...Numa sociedade computorizada e consumista em que se passa o tempo a premir teclas e botões num ritmo alucinante imposto pela informática e pela cibernética, só com força de vontade e determinação se consegue aguentar a corrida desgastante que a maquiavélica máquina exige.
É uma sociedade traiçoeira, esta em que vivemos!...
Ela não se compadece com ninguém, nem mesmo com aqueles que são testemunhas vivas dos laços de família ao longo de várias gerações.
O conflito entre elas agudiza-se em cada dia que passa. O individualismo selvagem e cruel anda à solta; a afirmação pessoal agride; a competição social destrói e a solidariedade entre as pessoas tende a desaparecer.
Por isso são várias as dificuldades com que o idoso se debate e é necessária uma grande força de vontade e uma fé inquebrantável para fazer a integração nessa nova sociedade, sem que tenhamos de abdicar dos princípios básicos daquela em que fomos criados.
Apesar de estarmos na era da globalização, não podemos esquecer que a família continua a ser a célula básica da sociedade.
Durante estes últimos vinte anos foi talvez o período da minha vida em que se desenvolveu mais esta opção individual de reforçar o meu optimismo perante a vida.
O envelhecimento não é uma doença nem uma incapacidade, que nos impeça de ter uma vida produtiva e feliz. Ninguém lhe foge e temos que o encarar como uma realidade.
No entanto, cada um de nós, pode reduzir os seus efeitos através de métodos e preceitos a seguir no dia a dia. Desde a actividade física à alimentação regrada e saudável são várias as formas de envelhecer activamente. A boa disposição é um dos remédios mais aconselhados para enfrentar as inúmeras partidas que o decorrer dos anos nos vai pregando…
Saber rir de nós próprios, conformarmo-nos com a nossa idade e sobretudo ter fé, são também atitudes que ajudam a fazer face às injustiças…
Todos sabemos que os valores económicos aniquilaram os valores espirituais e culturais. Apesar de tudo, em qualquer parte do Mundo há sempre uns Avós nos quais os netos têm muitas vezes, a única referência de estabilidade, de afecto e de carinho.
É por isso que os responsáveis políticos deveriam tomar medidas adequadas de forma a criarem as condições necessárias ao envelhecimento activo e ao reforço da solidariedade entre gerações.
O contributo dos mais velhos para a sociedade é muitas vezes ignorado, assim como é ignorada a sua experiência e os seus ensinamentos que poderiam ser aproveitados e dados como exemplo aos mais novos.
Porém o que acontece muitas vezes é que os idosos são marginalizados pelos jovens, esquecidos pelos adultos e quando não há recursos nem paciência ou são “depositados” em qualquer estabelecimento que cuide deles ou são abandonados, sobrevivendo muitas vezes em condições infra-humanas.
Mas como disse mais atrás e no que me diz respeito, estes últimos vinte anos foram como que uma aprendizagem ao longo dos quais se recreou dentro de mim uma outra maneira de ser e de ver. Foi como também já disse no começo uma espécie de prolongamento de um projecto inacabado, uma continuidade da caminhada mas com a orientação das experiências vividas que me permitiram fazer uma opção individual de reforçar o meu optimismo perante a vida. Aprendi a cultivar o lado bom das coisas, a saborear os pequenos nadas. Aprendi a ver o futuro com esperança a aceitar o passado enquanto autobiografia e a interpretar o presente com confiança.
E logo me apercebi que o diálogo entre gerações é essencial para prevenir a solidão e a exclusão social. E comecei a tentar modernizar-me se assim me posso exprimir. E já com cerca de 60 anos comecei a martelar as teclas do computador. Os meus primeiros professores foram os meus netos. Mas foi com muita perseverança e paciência que aprendi o essencial e posso dizer que hoje sei o necessário para fazer os meus trabalhos de escrita.
Deus tem-me privilegiado no que toca a saúde e o voluntariado é também para mim uma outra maneira de reforçar a minha auto-estima mostrando-me que apesar da idade ainda posso oferecer os meus préstimos aos que deles precisam.
Hoje, logo que acordo, dou graças a Deus pelo dom da vida que ele me tem concedido. Agradeço-Lhe também pela família que tenho. Completei há pouco tempo oitenta e seis anos, e apesar de estar casado há 61 anos como uma Avó, como lhe chamam os meus netos, sinto-me imensamente feliz!
E é sem dúvida isso que me dá força para valorizar os factos e as pessoas numa vivência serena, mas de constante inovação, em que assentam os Verdadeiros Sinais dos Tempos.











CST-IPSS - SEMINÁRIO "VIVER ENTRE GERAÇÕES"




No nosso Concelho, felizmente, há alguma Instituições de Solidariedade Social cujo contributo para a Comunidade vai muito para além de fornecer refeições, fazer apoio domiciliário ou ter um Lar para pessoas velhas. Isso será muito, mas muito pouco na abrangência às respostas sociais que podem ser dadas por essas Instituições e para serem tomadas “medidas para criar as condições necessárias ao envelhecimento activo e ao reforço da solidariedade entre as gerações”, como aliás sublinha o sítio do Ano Europeu do Envelhecimento Activo e da Solidariedade entre Gerações que este ano está a decorrer.
Pelo segundo ano consecutivo, o CENTRO SOCIAL DO TOURIGO veio promover um Momento de reflexão para sensibilizar a opinião pública. No ano passado debateu-se “Coração e Atitude”, este ano e procurando assinalar a preocupação europeia, foi “VIVER ENTRE GERAÇÕES – O Desafio do Nosso Tempo”.
Assim, no passado dia 20, na sede do Centro Social do Tourigo, IPSS, a dinâmica Organização reuniu mais de 100 clientes das respostas sociais do CST, sócios, voluntários, convidados e população em geral.
Se o tema era aliciante, a qualidade dos Prelectores veio reforçar a sua importância.

SESSÃO DE ABERTURA
Após a entrega da documentação, cuja eficiência do Secretariado foi patente, teve lugar a Sessão de Abertura.
Mónica Ferreira da Silva, encarregada do Protocolo, chamou as entidades para a Mesa:
Manuel Ventura da Costa, Presidente da Direcção do Centro Social do Tourigo; Dr.ª. Cecília Fragoso, Vereadora da Acção Social da Câmara Municipal de Tondela; António da Costa Ventura, Vice-Presidente da Direcção do CST; Amadeu da Costa Ventura, Presidente da Junta de Freguesia do Tourigo; Nelson de Matos Almeida, Presidente da Assembleia-geral do Centro e Padre Alcides Vilarinho, Pároco da Freguesia.
Na ocasião, Manuel Ventura da Costa usou da palavra para, em nome do Centro social do Tourigo e da Comissão Organizadora, agradecer a presença dos que quiseram estar ali envolvidos numa tarde de reflexão no “Ano Europeu do Envelhecimento Activo e da Solidariedade Entre gerações” numa preocupação que deve ser de todos nós.
Agradeceu a participação institucional da Câmara Municipal de Tondela e a presença amiga da Vereadora da Acção Social, Dr.ª. Cecília Fragoso, lamentando que um compromisso de última hora, fora do Concelho, tivesse impedido também a presença do Vice-Presidente da Câmara, Dr. José António de Jesus, pela amizade e mais valia que traria ao Encontro.
Referindo-se à comemoração do Ano Europeu do Envelhecimento activo, salientou a pertinência do Seminário no intuito de sensibilizar a população para uma das maiores conquistas da Humanidade que é o aumento da expectativa de vida. Há no entanto que desfrutar desse prolongamento, vivendo mais, sim, mas com qualidade. A sociedade é preconceituosa em relação aos idosos, o que faz com que, sobretudo na perspectiva política eles sejam marginalizados e por vezes esquecidos. Terminou reiterando os agradecimentos, fazendo votos para que o Seminário servisse para reforçar o antigo provérbio que diz que “velhos são os trapos.”
Cecília Fragoso, na sua intervenção, disse da satisfação de poder estar ali a partilhar uma tarde que se previa rica, já pelo tema, já pelos intervenientes. E estando ali a representar a Câmara Municipal de Tondela e a sua preocupação pelas causas sociais do Concelho, estava também pela amizade e admiração pela Obra Social que o Centro Social do Tourigo vem promovendo, que não lhe poderia ser indiferente como responsável por esse Pelouro.
Felicitou a Organização, lembrou que a Câmara Municipal e concretamente o seu Gabinete, procuram acompanhar sempre com a maior atenção e disponibilidade os problemas sociais do Concelho, terminando por desejar uma boa tarde de Trabalhos.
Terminada a Sessão de abertura, seguiu-se a apresentação dos Temas, de cujos Painéis foi moderador Jorge do Amaral Leitão.

TEMA – GANHOS DAS IDADES
“O PROCESSO DO ENVELHECIMENTO”
Pelo Dr. Carlos Torres, Médico, Mestre em Gerontologia e doutorando em Medicina na área da Neuropsicologia foi descrito ali, em pormenor, todo o processo e razões que levam ao envelhecimento e suas consequências.
Começando por afirmar que “o envelhecimento começa quando nascemos”, o Dr. Carlos Torres lembrou que cada pessoa tem o seu processo de envelhecimento, e que todos, mais tarde ou mais cedo, passam por esse processo, que descreveu com a ajuda de “Powerpoint”.
Sobre as decadências físicas naturais que vão ocorrendo ao longo da vida, afirmou que, no entanto, 1/3 delas podem ser retardadas pelas nossas mãos e pela nossa acção para as contrariar.
Por outro lado, lembrou que para o aumento da média de vida, a retaguarda não está ainda preparada para a acompanhar e lhe dar mais qualidade.

“O GANHO DAS UNIVERSIDADES SENIORES”
O Dr. José Augusto Pereira, licenciado em História, Mestre em Ciências da Educação, tem no seu currículo vasta intervenção na área educativa e é responsável da Universidade Sénior de Rotary do Rotary Clube de Viseu, de que é associado desde 1997.
A acção desenvolvida pela Universidade Sénior de Viseu é de facto uma resposta, e muito positiva, para um envelhecimento mais rico e saudável. E o Dr. José Augusto, ao dar ali conta da importância que tem representado para a Comunidade visiense mais velha, mostrou que ela é um agente importante no envelhecimento activo e culturalmente gratificante.
Mas José Augusto quer ir mais além e trazer para as Universidades Seniores e instituições as experiências, os usos e costumes, formas de artesanato e jogos tradicionais dos mais velhos de um Povo que tem um manancial de coisas para transmitir. É um desafio que merece ser vivido.

“COMO LIDAR COM OS ANOS QUE TEMOS”
A Dr.ª Leonor Martins, com licenciatura em Psicologia Clínica e Pós Graduação em Gerontologia, trouxe à reflexão a nossa postura para lidar com a idade, ou melhor, com as três idade que fazem parte da nossa vida e em que cada uma há um caminho a percorrer, mas também opções para a caminhada.
A idade não perdoa, costuma dizer-se, mas a Dr.ª. Leonor Martins lembrou-nos que não há idade para nos descobrimos, porque a vida não tem idade. A idade está na nossa cabeça e na forma como podemos e devemos tirar de cada etapa o melhor proveito.
De forma brilhante, enquadrou e completou as intervenções anteriores.

 TEMA – O DESAFIO DE ENVELHCER – TESTEMUNHOS PESSOAIS

“ AS OPORTUNIDADES DO ENVELHECIMENTO ACTIVO”
Manuel Ventura da Costa, Presidente da Direcção do Centro Social do Tourigo, Director do Jornal de Tondela e senhor de um invejável currículo, grande parte dele por ocupação no estrangeiro, granjeou amizades, ganhou títulos honoríficos e é um exemplo de vida pela sua forma constante de dar de si, um desafio permanente de partilha, de voluntariado e de preocupação para com os demais.
Foi rica a partilha que ali deixou, porque ela representa sobretudo o seu modo de estar na vida, de aceitar que o “envelhecimento como uma fase da existência terrena de cada ser humano – é assim como que uma espécie de prolongamento de um projecto inacabado…”. Defensor intransigente dos “Valores” e da família como “célula básica da sociedade”, Manuel Ventura da Costa não vê o envelhecimento como uma doença nem como uma incapacidade, antes um desafio, que aliás está bem patente no seu dia a dia e ali esteve bem presente no seu testemunho, a que juntou sua Mulher na rica e longa caminhada a dois.
INSPECTOR MANUEL VELLOSO
Presidente da ANAFS – Associação Nacional dos Alistados das Formações Sanitárias, tem ao longo da sua brilhante carreira humanitária quer no Serviço Nacional da Protecção Civil, Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e Crescente Vermelho, Bombeiros Voluntários e, ainda, mais de 20 missões de assistência humanitária desde a Roménia, Turquia, Timor ou na catástrofe do Tsunami um admirável currículo. Quase que em conversa entre amigos, o Inspector Velloso contou a “história da sua vida”, história de uma vida muito rica, com muito risco, com encontro entre gerações, principalmente em graves situações onde as intervenções humanitárias eram requeridas.
Mas bela e interessante é também a sua vida familiar, que nos transmitiu como quem conta um conto.
A completar uma tarde de “descoberta” no caminho da vivência entre gerações, foi grato colher ali os testemunhos de Manuel Ventura e Manuel Velloso a completarem, e de que forma, os contributos para os desafios que se deparam no nosso tempo.

PERGUNTAS E RESPOSTAS – DEBATE
Terminada a “missão” da Mesa, teve lugar um período de perguntas e respostas vindas da plateia, o que permitiu esclarecer algumas dúvidas, aclarar a mensagem, comentar ou partilhar atitudes e “declarar” a satisfação pela riqueza vivida durante a tarde.

ENCERRAMENTO
Terminados os trabalhos, Manuel Ventura da Costa encerrou a sessão agradecendo a todos os presentes, a todos os funcionários da Instituição, aos patrocinadores e aos habitantes da Freguesia que muito têm ajudado a Instituição. Terminou com um conselhos aos novos: Quando a velhice começar a rondar a vossa porta, não deixem que ela vos escravize e vos transforme num amontoado de ossos enferrujados. Mexei-vos, e se a saúde o permitir, ajudai quem precisa. Lembrai-vos que “ a idade não é aquela que a gente tem, mas sim aquela que a gente sente.”
JAL
In Jornal de Tondela – Edição 1124 de 02 de Novembro de 2012                                                                                                                                                                                                                                                                                    



CST - IPSS - SEMINÁRIO "VIVER ENTRE GERAÇÕES"






EU SOU...



Eu sou os livros que leio, os lugares que conheço, as pessoas que amo.

Eu sou as orações que faço, as cartas que recebo, os sonhos que tenho.

Eu sou as decepções por que passei, as pessoas que perdi, as dificuldades que superei.

Eu sou as coisas que descobri, as lições que aprendi, os amigos que encontrei.

Eu sou os pedaços de mim que levaram, os pedaços de alguns que ficaram, as memórias que trago.

Eu sou as cores que gosto, os perfumes que uso, as músicas que ouço.

Eu sou os beijos que dei, sou aquilo que deixei e aquilo que escolhi.

Eu sou cada sorriso que abri, cada lágrima que caiu, cada vez que menti.

Eu sou cada um dos meus erros, cada perdão que não soube dar, cada palavra que calei.

Eu sou cada conquista alcançada, cada emoção controlada, cada laço que criei.

Eu sou cada promessa cumprida, cada calúnia sofrida, a indiferença que se formou.

Eu sou o braço que poucas vezes torceu, a mão que muitas vezes se estendeu, a boca que não se calou.

Eu sou as lembranças que tenho, os objectivos que traço, as mudanças que sofrerei.

Eu sou a infância que tive, sou a fé que carrego e o destino que reinventei."

Autor desconhecido (ou talvez não)