Apesar da riqueza da nossa língua e não obstante o seu abundantíssimo vocabulário, nós, como bons imitadores que somos, e sempre esguichando engenho e arte por todos os poros, quando não inventamos... copiamos!
E vai daí, com esta nossa bazófia de querer mostrar ao mundo que estamos sempre à la page, lá fomos surripiar o termo e, como a história do gato maltês que tocava piano e falava francês, passámos a designar o regresso dos nossos políticos ao seu "bem-bom," pelo vocábulo francês rentrée...
Não sabemos quando nem quem se apropriou da palavra. Porém, quem o fez não era estúpido de todo!... É que a palavra rentrée, segundo Pierre Larousse, – o lexicógrafo francês bem conhecido de todos nós – emprega-se, essencialmente, no sentido de rentrée des classes, isto é, o regresso das crianças à escola!
Portanto, quem pela primeira vez empregou o termo sabia o que fazia e deu-lhe a interpretação devida. Então não são quase todos os nossos políticos umas crianças grandes que cresceram por fora e continuam anões por dentro?!... Ou dito de outra maneira: não são alguns dos nossos políticos, meninos imberbes ou de caricatas barbichas, mimados, troca-tintas encartados e completamente alheios à realidade da vida?!...
Assim sendo, venha então a escola. Que eles bem precisam de lições. Mas qual quê? Infelizmente, a vontade de aprender, de conhecer, de bem administrar, de bem gerir, parece não ser apanágio da classe.
Mas viva a rentrée!... E é festa aqui, é comício acolá, é convívio mais além. É marisco no litoral, é feijoada no interior, são tripas no Norte e cataplana no Sul. É fanfarra na aldeia, Boys-Band nas cidades, mas sempre tudo programado de maneira a que a televisão mostre (de preferência no Jornal da noite por causa das audiências e dos votos!...) o interior do chapiteau com todos os artistas: palhaços, domadores, trapezistas, engolidores de espadas, ursos amestrados e a respectiva moldura humana com figurantes ensaiados e basbaques que batem palmas muitas vezes sem saberem porquê!
Viva a rentrée! Ei-los que chegam! Bronzeados, palradores, aí estão de novo os charlatães – sorridentes e palavrosos, maletas cheias de nada, prontos para venderem mais uns quilos de banha de cobra lá do alto do palanque do hemiciclo. Estamos à mercê desses duzentos e trinta filhos da pátria que continuam a agir como nada se passasse. Não há exemplos de sacrifícios vindos de suas excelências. Embora de credos diferentes sabemos que quando se trata de dinheirinho todos adoptam a mesma religião. Entretanto a tosquia continua. E é imprevisível saber o que acontecerá quando, à falta de lã, o sangue começar a aparecer à superfície da pele.
E vai daí, com esta nossa bazófia de querer mostrar ao mundo que estamos sempre à la page, lá fomos surripiar o termo e, como a história do gato maltês que tocava piano e falava francês, passámos a designar o regresso dos nossos políticos ao seu "bem-bom," pelo vocábulo francês rentrée...
Não sabemos quando nem quem se apropriou da palavra. Porém, quem o fez não era estúpido de todo!... É que a palavra rentrée, segundo Pierre Larousse, – o lexicógrafo francês bem conhecido de todos nós – emprega-se, essencialmente, no sentido de rentrée des classes, isto é, o regresso das crianças à escola!
Portanto, quem pela primeira vez empregou o termo sabia o que fazia e deu-lhe a interpretação devida. Então não são quase todos os nossos políticos umas crianças grandes que cresceram por fora e continuam anões por dentro?!... Ou dito de outra maneira: não são alguns dos nossos políticos, meninos imberbes ou de caricatas barbichas, mimados, troca-tintas encartados e completamente alheios à realidade da vida?!...
Assim sendo, venha então a escola. Que eles bem precisam de lições. Mas qual quê? Infelizmente, a vontade de aprender, de conhecer, de bem administrar, de bem gerir, parece não ser apanágio da classe.
Mas viva a rentrée!... E é festa aqui, é comício acolá, é convívio mais além. É marisco no litoral, é feijoada no interior, são tripas no Norte e cataplana no Sul. É fanfarra na aldeia, Boys-Band nas cidades, mas sempre tudo programado de maneira a que a televisão mostre (de preferência no Jornal da noite por causa das audiências e dos votos!...) o interior do chapiteau com todos os artistas: palhaços, domadores, trapezistas, engolidores de espadas, ursos amestrados e a respectiva moldura humana com figurantes ensaiados e basbaques que batem palmas muitas vezes sem saberem porquê!
Viva a rentrée! Ei-los que chegam! Bronzeados, palradores, aí estão de novo os charlatães – sorridentes e palavrosos, maletas cheias de nada, prontos para venderem mais uns quilos de banha de cobra lá do alto do palanque do hemiciclo. Estamos à mercê desses duzentos e trinta filhos da pátria que continuam a agir como nada se passasse. Não há exemplos de sacrifícios vindos de suas excelências. Embora de credos diferentes sabemos que quando se trata de dinheirinho todos adoptam a mesma religião. Entretanto a tosquia continua. E é imprevisível saber o que acontecerá quando, à falta de lã, o sangue começar a aparecer à superfície da pele.
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