COMPLEMENTO
Complemento da crónica “Em dia de aniversário”de Julho de 2006, que se destina a elucidar os leitores que, por telefone ou e-mail, manifestaram o desejo de saber quantos Verões passaram por mim. Aqui fica, pois, o número
Complemento da crónica “Em dia de aniversário”de Julho de 2006, que se destina a elucidar os leitores que, por telefone ou e-mail, manifestaram o desejo de saber quantos Verões passaram por mim. Aqui fica, pois, o número
exacto.
80 - 75 - 60
80 - 75 - 60
Todos nós temos três idades: a idade que está no B. I., a idade que aparentamos e a idade que sentimos. Esta última é, sem dúvida, a mais verdadeira, aquela de que devemos servir-nos para continuar a caminhada. Seguindo esse raciocínio, são necessários três números para nos definir. Por exemplo, quanto a mim, considero-me um 80-75-60!
Descodificando: do primeiro número, atribuo metade a cada perna; o setenta e cinco, – que é geralmente o número com que os meus amigos me presenteiam de vez em quando – penduro-o no espelho só para me divertir com o outro “senhor” careca e de cara enrugada, que a lâmina de vidro polida reflecte; o último número, o sessenta, é o que se sobrepõe aos outros dois. É o “combatente” aquele que, sempre vigilante tenta impedir que o primeiro, o mais gordo, – o 80 – me esmague sob o seu peso!
E é assim com esta espécie de triângulo numérico às costas que continuo a fazer o meu dia-a-dia. Evidentemente que para pôr em prática esta “filosofia” é necessária a ajuda de vários factores: saúde, tolerância, paz interior, humildade, boa disposição e, sobretudo muita Fé!
Li há dias num texto de um escritor italiano que a velhice seria o calvário da vida. Concordei em parte, pois chegar a velho sem saúde, sem ninguém que olhe por nós e entregue apenas à solidão, deve ser, de facto, um enorme e triste calvário!
Pelo contrário, ter a sorte de envelhecer com saúde, com a família por perto e os amigos em redor, é um bênção de Deus.
É certo que quando olho os lugares vazios dos familiares ou dos amigos que partiram, há sempre uma dor pungente que me invade. O coração bate mais forte, mas apenas por uns momentos.
Depois, estranhamente, tranquiliza-se e parece conformar-se perante a inexorável lei da vida. À dor que me invade nesses instantes ora se sucedem recordações e saudade, ora me agitam sonhos de esperança que me transportam para longe – uma viagem em que o mistério do tempo tanto me acusa como me reconcilia com Deus.
E então é a Ele que me entrego. É a Ele que peço perdão pelos momentos em que a revolta me dominou e me fez esquecer a Sua infinita bondade. E é a Ele que agradeço tudo aquilo que me tem dado até hoje: alegrias, tristezas, sofrimentos e sobretudo o dom da fé – essa força invencível que faz cantar os mártires na morte…
Divaguei, e fugi do assunto. Vou parar por aqui, porque os dois últimos conjuntos de algarismos começam já a discutir e podem zangar-se, abalar, e deixar o 80 a falar sozinho….
Descodificando: do primeiro número, atribuo metade a cada perna; o setenta e cinco, – que é geralmente o número com que os meus amigos me presenteiam de vez em quando – penduro-o no espelho só para me divertir com o outro “senhor” careca e de cara enrugada, que a lâmina de vidro polida reflecte; o último número, o sessenta, é o que se sobrepõe aos outros dois. É o “combatente” aquele que, sempre vigilante tenta impedir que o primeiro, o mais gordo, – o 80 – me esmague sob o seu peso!
E é assim com esta espécie de triângulo numérico às costas que continuo a fazer o meu dia-a-dia. Evidentemente que para pôr em prática esta “filosofia” é necessária a ajuda de vários factores: saúde, tolerância, paz interior, humildade, boa disposição e, sobretudo muita Fé!
Li há dias num texto de um escritor italiano que a velhice seria o calvário da vida. Concordei em parte, pois chegar a velho sem saúde, sem ninguém que olhe por nós e entregue apenas à solidão, deve ser, de facto, um enorme e triste calvário!
Pelo contrário, ter a sorte de envelhecer com saúde, com a família por perto e os amigos em redor, é um bênção de Deus.
É certo que quando olho os lugares vazios dos familiares ou dos amigos que partiram, há sempre uma dor pungente que me invade. O coração bate mais forte, mas apenas por uns momentos.
Depois, estranhamente, tranquiliza-se e parece conformar-se perante a inexorável lei da vida. À dor que me invade nesses instantes ora se sucedem recordações e saudade, ora me agitam sonhos de esperança que me transportam para longe – uma viagem em que o mistério do tempo tanto me acusa como me reconcilia com Deus.
E então é a Ele que me entrego. É a Ele que peço perdão pelos momentos em que a revolta me dominou e me fez esquecer a Sua infinita bondade. E é a Ele que agradeço tudo aquilo que me tem dado até hoje: alegrias, tristezas, sofrimentos e sobretudo o dom da fé – essa força invencível que faz cantar os mártires na morte…
Divaguei, e fugi do assunto. Vou parar por aqui, porque os dois últimos conjuntos de algarismos começam já a discutir e podem zangar-se, abalar, e deixar o 80 a falar sozinho….
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